quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Bábà Olúdàré



















Sinto me reinando quando estou rodeado pela minha família, e assumo qualquer responsabilidade, assim como também resolve todos os problemas e me emociono com todas as situações. Sou capaz de ficar dias em silêncio curtindo uma mágoa quando alguém me fere. Não sou do tipo vingativo, mas provavelmente que ficarei anos sem falar com aquele que me ofendeu... sou de Osaala.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Èsú Lònàn














Esù é um dos òrísás mais importantes de todo panteão, é o responsável por tudo que é feito para os demais Orísàs, sendo o mensageiro entre o òrún(céu) e o àiyè(terra). É responsavel pela comunicação entre humanos e Orísàs , sendo ele que responde aos oráculos. É filho de Òdúdúwà e Iyèmònjá, sendo irmão de Ògún e Òsóòsì(Òdé). Não existe Èsú sem Ògún e vice-versa uma vez que, Èsú é o caminho e seu irmão a abertura desse caminho. É o primeiro a ser louvado em dias de festas,através do ritual de ìpádè. Quando o ìpádè é "rodado", age como um catalizador, retirando as energias negativas do ambiente e sendo despachado para rua. Ainda, levando nossas homenagens ao pricipio ancetral masculino Egungun e o principio ancestral feminino Iyà mi Agbà. A partir desse ato é que os òrísás estão permitidos à virem do òrún pois Èsú e os ancestrais já foram louvados.

*Èsú Lònàn(Òlònàn)- senhor dos bons caminhos. Responsável pelo caminhar da humanidade e da evolução do homem. Normalmente é assentado nos portões das casas de candomblé. É considerado um Esù comunitário(que atende a todos os membros de uma comunidade), Ajúbò.



quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

 


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A cidade de Ilê-Ifé é considerada pelos yorubas o lugar de origem de suas primeiras tribos. lfé é o berço de toda religião tradicional yoruba (a religião dos Òrìsà, o Candomblé do Brasil),é um lugar sagrado, onde os deuses al chegaram, criaram e povoaram o mundo e depois ensinaram aos mortais como os cultuarem, nos primórdios da civilização. Ilê-Ifé é o "Berço da Terra". "Em um tempo onde os Deuses e Heróis andavam na terra com os Homens." Olódùmarè o ser superior dos yorubas, que vive num universo paralelo ao nosso, conhecido como Òrún, por isso Ele é também conhecido como Àjàlórún e Olórun "Senhor ou Rei do Òrún", que através dos Òrìsà por Ele criado, resolve incumbir um dos Òrìsà funfun (do branco), Òrínsànlá, (o grande Òrìsà) o primeiro a ser criado, também chamado de Òrìsà-nlá e de Obàtálá, de criar e governar o futuro Àiyé : a Terra, do nosso universo conhecido. Ele lhe entrega o Àpò-Iwá (a sacola da existência) o qual contém todas as coisas necessárias para a criação, e é aclamado como Aláàbáláàse, "Senhor que tem o poder de sugerir e realizar". Como a tradição mandava, para todos, antes de iniciar a viagem ele foi consultar o oráculo de Ifá, com Òrúnmìlà, outro Òrìsà funfun, e este lhe orientou a fazer alguns sacrifícios a divindade Èsù, mas se ele já era orgulhoso e prepotente, mais ainda ficou, se recusou e nada fez, mas foi avisado que infortúnios poderiam ocorrer. Òrìsànlá, de posse do Àpò-Iwá, põe-se a caminhar pelo Òrún, para chegar à"porta do espaço", até então um vazio, que viria a ser o Àiyé. Ele é o Òrìsà que usa um cajado ritual conhecida como òpásóró, durante o caminho, com muita sede, ele se defronta com o igi-òpé (árvore do dendezeiro) e com o seu òpásóró, perfura o caule da árvore da qual começa a "jorrar o emu" (vinho de palma), e põe-se a beber, a tal ponto, que cai totalmente embriagado no pé da palmeira e dorme profundamente. O nfortúnio começa acontecer. Odùduwà Outro Òrìsà funfun, o segundo criado por Olódùmarè, por conceito "irmão mais novo" de Òrìsànlá, ficou enciumado, porque Olódùmarè tinha entregado a Òrìsànlá o Àpò-Iwá, e o estava seguindo pelos caminhos do Òrún, esperando que ele cometesse algum deslize, o que de fato aconteceu. Odùduwà, encontrando-o naquele estado, apodera-se do Àpò-Iwá e leva-o até Olódùmarè, narrando o acontecido, e, por este fato, Olódùmarè delega a Odùduwà o poder de criar o Àiyé e por punição incumbe a Òrìsànlá de somente criar e modelar os corpos dos seres humanos no Òrún, sob sua supervisão e o proíbe terminantemente de nunca mais beber o emu. Odùduwà, então, cumpre a tradição e faz as obrigações, para se tornar o progenitor dos Yorubas, do Mundo : Olófin Odùduwà, o futuro Àjàlàiyé. Desde então a relação tempestuosa entre Odùduwà e Obàtálá se perpetuou, ora em disputas, discórdias, controvérsias e de outras formas, mas sempre munindo a eterna rivalidade. Odùduwà chegando ao Àiyé, cria tudo o que era necessário e delega poderes às divindades que o seguiram, conhecidos como os Àgbà, para governarem a criação, e volta ao Òrún, e só retornaria quando tudo estivesse realmente concluído. Òrìsànlá, que tinha ficado no Òrún com seus seguidores, já tinha moldado corpos suficientes para povoar o inicio do mundo, vai então para o Àiyé, com seus seguidores, os Funfun; fato que ocorre antes da volta de Odùduwà para o Àiyé. Quando Olófin Odùduwà retorna ao Àiyé, funda a cidade de Ilê-Ifé, e vem a ser o primeiro Oba (rei) do povo yorubano com o titulo de "Oba Óòni", ou seja, o primeiro Óòni de Ifé, e a cidade se torna a morada dos deuses e dos novos seres. Durante todo este tempo, Odùduwà que já estava casado com Ìyá Olóòkun, divindade feminina, responsável e dona dos mares, tem dois filhos, o primogênito, a divindade Ògún e uma filha de nome Ìsèdélè. O tempo passa, e Odùduwà, que era uma divindade negra, porém albina, incumbe seu filho Ògún de ir para a aldeia de Ògòtún, vizinha de Ifé, conter uma rebelião. Ògún, divindade negra, senhor do ferro, parte para sua missão e realiza o intento, trazendo consigo Lakanje, filha do rebelde vencido. Ora, Lakanje era espólio de Odùduwà, o Óòni de lfé, portanto intocável, mas Lakanje era muito bela e extremamente sensual e Ògún não resistiu aos seus encantos e com ela teve várias noites de amor, durante sua viagem de volta. Chegando a lfé, ele entrega os espólios da conquista, inclusive Lakanje, a seu pai Odùduwà, que também não resistiu aos lindos encantos da mortal Lakanje e por ela se apaixona e acabaram por casar-se. Ògún nada tinha contado a seu pai dos fatos ocorridos e logo após o casamento Lakanje está grávida, desta gravidez nasce um filho de nome Odéde. Só que o destino foi fatídico, Odéde nasceu metade negro, como a pele de Ògún e metade branco, como a pele do albino Odùduwà, revelando assim, a traição de Ògún para com a confiança do seu pai, esta situação gerou muita discussão entre Odùduwà e Ògún, mas a principal foi "quem tinha razão", ou, quem teria mais "genes" no filho em comum, Odéde, e cada um se posicionava com a seguinte frase : "a minha palavra triunfou" ou "a minha palavra é a correta", que aglutinada é Òrànmíyàn e foi assim que ele passou a ser chamado e conhecido. Com Lakanje, uma das muitas esposas de Odùduwà, ou com outras, teve ou já tinha mais seis filhos, outros dizem dezesseis, uns, um número maior ainda, enfim, alguns dos filhos destas esposas, geraram as linhagens dos Obas Yorubanos, uns foram os precursores de sete das principais tribos, ou mais, que deram origem à civilização dos yorubas, e religiosamente falando, todos os povos do mundo. Os filhos, netos ou bisnetos de Odùduwà, os deuses, semideuses e/ou heróis, formaram a base da nação yoruba, portanto Olófin Odùduwà Àjàlàiyé é aclamado como "O Patriarca dos Yorubas". Obàtálá (Òrìsànlá) ,que também já estava no Àiyé com sua comitiva, mas devido a grande rivalidade com Odùduwà, foi expulso de Ilê-Ifé e funda a cidade de Ìgbò e se torna o primeiro Obà Ìgbò chamado também de Bàbá Ìgbò, pai dos ìgbòs. Numa sociedade polígama, Òrìsànlá é um caso raro de monogamia, pois a divindade Yemowo foi sua única esposa e não tiveram filhos. Òrànmíyàn Após grandes vitórias, Òrànmíyàn torna-se o braço direito de seu pai em Ilê-Ifê, pois seus outros irmãos foram povoar regiões distantes, menos Obàlùfan Ògbógbódirin. Odùduwà ordena então que Òrànmíyàn conquiste terras ao norte de Ifé, mas Òrànmíyàn não consegue cumprir a tarefa e sai derrotado e, com vergonha de encarar seu pai, não volta mais a Ifé, com isso funda uma nova cidade e lhe dá o nome de Oyó, tornando-se o primeiro Oba Aláàfin de Oyó. Casado com Morèmi, uma bela mortal ,nativa de Òfà ,que se tornou mais tarde uma heroína em Ilê-Ifé, da qual tem um filho, que recebe o nome de Ajaká. Após algum tempo, Òrànmíyàn investe em novas conquistas e volta a guerrear contra a Nação dos Tapas, onde havia sido derrotado, mas desta vez consegue uma grande vitória sobre Elémpe, na época rei dos Tapas. Por sua derrota, Elémpe entrega-lhe sua filha Torosí, para que se case com ele. Retornando a Oyó, Òrànmíyàn casa-se com Torosí e com ela tem um filho, chamado de Sàngó, um mortal, nascido de uma mãe mortal e um pai semideus, portanto com ascendentes divinos por parte de pai. Após este período com inúmeras vitórias, a cidade de Oyó torna-se um poderoso império, Òrànmíyàn, prestigiado e redimido de sua vergonha, volta para Ilê-Ifé, deixando em seu lugar, em Oyó, o príncipe coroado, seu filhoAjaká, que torna-se o segundo Aláàfin de Oyó. Em uma de suas conquistas, a da cidade de Benin, anterior a fundação de Oyó, Òrànmíyàn termina com a dinastia de Ogìso, o então rei, expulsando-o e assumindo o trono, tornando-se o primeiro Obabínín, e inicia sua dinastia tendo um filho, chamado Èwékà, com uma mulher do local. Antes de deixar a cidade, ele torna Èwékà como seu sucessor no trono do Benin. (Atual cidade na Nigéria, antigo Reino do Benin, não confundir com a República do Benin, antigo país chamado Daomé.) Durante sua longa ausência em Ilê-Ifé, Obàlùfan Ògbógbódirin ,seu irmãomais velho, se tornou o segundo Óòni de Ifé, após o reinado e Odùduwà. Quando Obàlùfan morreu, e ninguém sabia do paradeiro de Òrànmíyàn, o povo de Ifé aclamou Obàlùfan Aláyémore como sucessor direto de seu pai. Quando Òrànmíyàn chega em Ifé, Obàlùfan Aláyémore já reinava como o terceiro Óòni de Ifé, mas com um fraco reinado. Enfurecido com o povo de Ifé que haviam aclamado Aláyémore, e que o tinham chamado para combater possíveis inimigos, o poderoso guerreiro colérico ,comete varias atrocidades e só para quando uma anciã grita desesperada que ele está destruindo seus "próprios filhos", o seu povo. Atônito, ele finca no chão seu asà (escudo) que imediatamente se transforma em uma enorme laje de pedra ,num lugar hoje chamado de "Ìta Alásà" ,e decide ir embora e nuncamais voltar à Ifé. Quando rumava para fora dos arredores de Ifé ,em Mòpá, foi interceptado pelo povo que o saudavam como Óòni de Ifé e suplicavam por sua volta. Ele então satisfeito e envaidecido ,atende ao povo e finca no chão seu opa (seu bastão de guerreiro) transformando-o em um monólito de granito (ver foto : Òpá Òrànmíyàn) selando assim o acordo com o povo e volta em uma procissão triunfante ao palácio de Ifé. Sabendo disso, Obàlùfan Aláyémore abandona o palácio e se exila na cidade de Ìlárá. Òrànmíyàn ascende ao trono e se torna o 4ª Óòni de Ifé até sua morte. Obàlùfan Aláyémore, retorna do exílio e reassume como o 5ª Óòni de Ifé e reina deste vez, com sucesso até a sua morte. Ajaká O Aláàfin de Oyó, o Oba Ajaká, meio irmão de Sàngó, era muito pacifico, apático e não realizava um bom governo. Sàngó, que cresceu nas terras dos Tapas ( Nupe), local de origem de Torosí, sua mãe, e mais tarde se instalou na cidade de Kòso, mesmo rejeitado pelo povo por ser violento e incontrolável, mas sendo tirânico, se aclamou como Oba Kòso. Mais tarde, com seus seguidores, se estabeleceu em Oyó, num bairro que recebeu o mesmo nome da cidade que viveu, Kòso e com isso manteve seu titulo de Oba Kòso. Sàngó percebendo a fraqueza de seu irmão e sendo astuto e ávido por poder, destrona Ajaká e torna-se o terceiro Aláàfin de Oyó. Ajaká, também chamado de Dadá, exilado, sai de Oyó para reinar numa cidade menor, Igboho ,vizinha de Oyó, e não poderia mais usar a coroa real de Oyó. E, com vergonha por ter sido deposto, jura que neste seu reinado vai usar uma outra coroa (ade), que lhe cubra seus olhos envergonhados e que somente irá tira-la quando ele puder usar novamente o ade que lhe foi roubado. Esta coroa que Dadá Ajaká passa a usar, é rodeada por vários fios ornados de búzios no lugar das contas preciosas do Ade Real de Oyó, e esta chama-se Ade Bayánni Dadá Ajaká então casa-se e tem um filho que chama-se Aganju, que vem a ser sobrinho de Sàngó. Sàngó reina durante sete anos sobre Oyó e com intenso remorso das inúmeras atrocidades cometidas e com o povo revoltado, ele abandona o trono de Oyó e se refugia na terra natal de sua mãe em Tapa. Após um tempo, suicida-se, enforcando-se numa árvore chamada de àyòn (àyàn) na cidade de Kòso. Com o fato consumado, Dadá Ajaká volta à Oyó e reassume o trono, retira então o Ade Bayánni e passa a usar o Ade Aláàfin, tornando-se então o quarto Aláàfin de Oyó. Após sua morte, assume o trono seu filho Aganju, neto de Òrànmíyàn e sobrinho de Sàngó, tornando-se o quinto Aláàfin de Oyó. Com Aganju, termina o primeiro período da formação dos povos yoruba e após seu reinado se dá inicio ao segundo período, o dos reis históricos. Vimos : "De Ifé até Oyó, de Odùduwà a Aganju, passando por Sàngó." Sàngó O que notamos nesse primeiro período yorubano, é que na realidade, o que se fala de Sàngó, e a sua história nos Candomblés do Brasil, e de outros acima descritos, é incorreto, levando os fiéis a crer em fatos irreais. Inicialmente, averiguamos que Odùduwà é um Òrìsà funfun masculino e único, é o pai do povo yorubano e não uma simples "qualidade" de Òrìsànlá ou seja, são divindades totalmente distintas, inclusive, não se suportavam, pelos fatos vistos; e que também Ìyá Olóòkun, é um Òrìsà feminino e a Dona do Mar, portanto da água salgada, é quem governa os oceanos e não o Òrìsà Yemojá, "Senhora do rio Yemojá e do rio Ògùn", divindade de água doce, e muito menos mãe de Ògún e de outros filhos Òrìsà à ela atribuídos. Notar a acentuação diferente no nome do Òrìsà Ògún e do rio, pois são palavras distintas. Quanto a Sàngó, demonstramos que foi um mortal em sua vida no Àiyé, portanto quando morreu, tornou-se um egún, pois seus pais eram mortais. O que ocorreu em sua vida, foi que uma de suas esposas, e a única que o acompanhou em sua fuga de Oyó, era a divindade Oya, loucamente apaixonada por ele, e no instante de sua morte ela o pega com o seu poder de Òrìsà e o conduz diretamente a Olódùmarè, e por insistência de Oya, Ele o "ressuscita" como uma divindade, já que em vida, Oya, perdida de amores, ensina-lhe vários segredos dos Òrìsà, principalmente o segredo do fogo que pertencia somente a Oya, que ela lhe ensina e lhe dá este poder e outros, por paixão. Esta afirmação é facilmente notada, pois Sàngó é a única divindade do panteão que é assentada de forma material completamente diferente, isto é, em madeira, numa gamela sobre um pilão, sua roupa ritual é composta de várias tiras de panos, coloridas e soltas, caindo sobre as pernas, que lembra perfeitamente o tipo de roupa usada pelos Bàbá Egúngún (ancestrais) e seu animal preferido para sacrifício é também o mesmo dos egún, dos mortos comum, o carneiro; existe também outras minúcias, que aqui não cabe mencionar. Nos Candomblés, citam Ajaká e Aganju como sendo "qualidades" de Sàngó, que agora sabemos isto não é possível, pois, Ajaká é seu meio irmão e Aganju é filho de Dadá Ajaká, portanto seu sobrinho, notoriamente pessoas mortais e completamente distintas, que fazem parte da família de Sàngó, mas não tiveram a honra de tornarem-se Òrìsà, mas são ancestrais ilustres. Também no Brasil, faz-se uma cerimônia chamada de "Coroa de Dadá" ou "Adê Baiani". que a coroa é levada ritualmente em uma charola durante as festas do ciclo de Sàngó chamada de Banni ou lyamasse, que representa a mãe de Sàngó. Ora, sabemos que quem usou este ade foi, Ajaká, apelidado de Dadá, de quem Sàngó lhe roubou o trono, e que a mãe de Sàngó foi Torosí, filha de Elémpe, rei dos Tapa, e que ela não tem nenhuma importância teológica, somente histórica, por ter sido mãe de um Aláàfin. Não estamos desmerecendo e nem tampouco desprestigiando o Òrìsà Sàngó, somente tentamos elucidar fatos notoriamente conhecidos na terra dos Yorubas, sob os aspectos histórico, através da tradição oral, e divino que se convergem e se conservam na grandiosidade de Sàngó. NOTA* : Os mitos e/ou fatos relatados, são baseados em dados religiosos, por vezes dogmáticos, que pertencem ao corpo da tradição oral yorubana. Sob o ponto de vista cientifico, são considerados parcialmente históricos, pois não são dados comprovados por documentos e nem tampouco pela arqueologia, que pouco investiu, os "pouquíssimos" artefatos que foram achados e datados pelo carbono 14, são de datas recentes, perto da longínqua História da Civilização Yoruba. No contraponto, em nenhum momento afirmamos que não exista a História dos Yorubas, isto sim, seria um absurdo afirmar. A tradição oral pode ser contraditória e a cronologia praticamente inexistente, pela forma cultural dos yorubas mensurarem o tempo, mas jamais poderá ser negligenciada e nem tampouco rejeitada. *Nota do autor Barretti Filho Junho de 1984
 

Considerado o principal Òrìsà no culto de Òrúnmìlá, ambos são feito embaixo de uma palmeira e apresentam Ikin. A história conta que Èlá tem uma relação de muita afinidade com Ifá, por isto em yorubá é considerado a Àgbonnìrégún -filho de Ifá. Mas para alguns é considerado mensageiro de Òrúnmìlá e para outros é apenas seu amigo. Mas independente da história apresentada, Èlá é considerado o principal Òrìsà no culto à Òrúnmìlá, e se forem observados a característica e o culto dos dois descobre-se que ambos apresentam em suas oferendas Ìkín, e essas são feitas debaixo de uma palmeira. O ano yorubá começa com a festa a Èlá, depois Ifá, sendo que 16 dias depois da festa a Èlá homenageia-se Òrúnmìlá sempre lembrando Èlá, mostrando afinidade entre os dois Òrìsàs. A única diferença é que Èlá usa o dente de elefante. Os yorubás acreditam que Èlá veio ao mundo para consertá-lo, por isto é chamado Alátunse ilé-àiyé, e dentro da história aparecem como sócios. Se foi assim, então Òrúnmìlá traz dentro de si Èlá que é chamado de Osin (rei ou lider), Èlá também pode ser chamado de filho de Olódùnmarè e até hoje os yorubás espetam elé (uma folha), para dizer que ela nunca fica murcha comparada com outra folha. Afirma isto porque existe uma ligação entre esta folha e Èlá e sua energia é tão forte que algumas pessoas a plantam em cima da casa. Acreditam que desta forma vão protegê-la. Como ser humano Èlá é paciente, levando paz e transformando os problemas em coisas boas. Èlá é um Òrìsà que concerta Orì (cabeça). Sempre entra em guerra com Èsù, quando este quer usar sua força negativa, acalmando-o. Èlá tem grande força para levar a tranquilidade para uma cidade, além de muita energia positiva, ajudando o homem sem pedir nada em troca.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Ori - Nosso destino

Ori
Um dia, Òlorun convocou os Irúnmonle para transmitir o Àsè do destino a cada um deles.
Todos os Òrisà queriam o asè e foram procurar seus adivinhos para saber como fariam para obter esta força.
Então foi recomendado que, ao levantar antes do sol nascer, cada um deveria oferecer um Obì e com ele jogar.
O único que conseguiu acordar antes do sol nascer foi Orí, e fez o que havia sido prescrito.
Os outros Òrisà só conseguiram acordar depois que o sol havia nascido, e , Orí já se encontrava diante de Òlorun aprendendo a manipular o destino.
Os outros Òrisà ficaram inconformados e foram procurar Eledunmare e este concordou em transmitir o mesmo Àsè a eles também; Então chamou Orí e juntos transmitiram Àsè aos Òrisà.
A Sàngó ficou o domínio dos raios e ventos, a Oyà, as tempestades, raios e ventanias, a Osun a fertilidade, as águas, a riqueza, a Ògún o domínio das guerras, da caça, dos metais e dos caminhos, etc...
Ficou assim ,Orí , o único detentor de todos os poderes inclusive o de manipular o destino, tornando-se o Òrisà mais importante em relação aos outros Òrisà.
Orí transmitiu seu Àsè à cabeça de cada Imonlè, que a partir de então passaram a ser cultuados como Òrisà e assim como até hoje .”
A partir deste itan entendemos que cada ser criado por Eledunmare possui o seu Orí, seu destino, algo que é individual, é como a impressão digital de cada ser.
É Orí que detém o poder desde antes do ser tomar forma, é ele o primeiro a vir ao mundo quando do momento do nascimento e que o acompanha até mesmo após a morte
Se meu Orí não permitir que eu seja ajudado(a), eu não serei.
Se meu Orí não permitir que meu Òrisà receba oferenda, ele não receberá.
Se meu Orí não permitir que eu trilhe determinado,eu não o farei.
Assim sendo, Orí é importantíssimo, o primeiro a ser cultuado, todos os dias pela manhã eu seguro minha cabeça e recomendo a meu Orí que me permita realizar meus intentos.
Ori é o Òrìsà pessoal, em toda a sua força e grandeza, primeiro Òrìsà a ser louvado, antes mesmo de Esù, representação particular da existência individualizada (a essência real do ser). É aquele que guia, acompanha e ajuda a pessoa desde o nascimento no cumprimento do seu Destino. Ori em Yoruba tem muitos significados – mas o sentido literal é a cabeça símbolo da cabeça interior (Ori Inu), enquanto Orì Odeé a cabeça exterior, o cranio. Espiritualmente, a cabeça é o ponto mais alto, ou superior, do corpo humano representa o Ori, o pináculo, a ponta, o domínio, o elevado, o grandioso, a realeza, o líder, o supremo.

Como Òrìsà pessoal de cada ser humano, com certeza Orì é o mais interessado na realização e felicidade de cada homem do que qualquer outro Òrìsà. Analise isso! Só Orì conhece as necessidades de cada homem em sua caminhada pela vida, seja nos acertos e desacertos de cada um, só Orì fornece os recursos adequados e todos os indicadores, capacidades, que permitem a reorganização dos sistemas pessoais referentes a cada ser humano.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Afósè



Meus antepassados dormem na minha lingua, formam minhas palavras, pensamentos que não pensei, me acompanham e me sustentam.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Iyewa
































ORÍKÌ TI IYEWA
Ejo Ejo Iyewà(cobra , cobra é Iyewà)

Dan Dan Iyewà

Iyewà ô(salve Iyewà)

Osumarè olowo gbanigbà

( salve Osumarè dono das riquezas imensas)

Osumarè o njo nile(Osumarè está dançando em nossa casa)

Ewá yá mi orissà njo nile Osumarè( minha mãe Iyewà está dançando com Osumarè em nossa casa)

Iyewà ô(salve Iyewà)
Iyewà Ibà re ô(Iyewà nós te saudamos)Iyewà mojubà(Iyewà seja benvinda)Iyewà ja mi, ko kerè, ko kerè( nossa mãe Iyewà não é pequena)

Orubatà!( ela é imensa)

Ase oju Iyewa , Ase Ti Olodumare , Ase ti Iyà mi Osoronga






















ÓRÓ ÓGBÓN (Palavras de Sabedoria)



O ritual é uma forma de comunicação que demonstra que aquilo que você acredita e tem valor. Todo ritual tem um custo, pode ser dedicação, disciplina, dinheiro, trabalho, tempo, etc. O ritual une as pessoas em torno dos valores que elas acreditam e compartilham. O consenso do grupo que acredita promove a união, o fortalecimento dos laços e valoriza ainda mais a fé.

O efeito colateral de um grupo unido pela fé é a dificuldade de aceitar os valores de outros grupos, pois já que se investe tanto nos nossos próprios valores, os “outros” passam a ter menos significado.

Por isso o termo companheiro traduz-se: “aquele que come o pão junto”, aquele que tem os mesmos valores que eu e já que o que comemos vai fazer parte de nós, nós seremos muito mais parecidos.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Cantiga de Omolu






Omolú Kíí bèrú jà                    Omolu não teme a briga.
Kòlòbó se a je nbo                    Em sua pequena cabaça traz axé e feitiço.
Kòlòbó se a je nbo                   Vamos  comer  cultuando-o
Kòlòbó se a je nbo                  Omolu não teme a briga. 
Aráayé.       Em sua pequena cabaça traz axé e
feitiço.   Vamos  comer  cultuando-o, todos juntos.

Iyá Oju Bi Onan “a mãe que abre os olhos para o caminho”



Nas religiões de matriz africana, a linguagem e a aprendizagem são, principalmente, analógica e oral. Aprendemos formas de ser e viver através dos rituais, da atmosfera que compõe o espaço do terreiro, que chamamos egbé, e das redes de relações interpessoais que nele se estabelecem.
No dia-a-dia do egbé, com suas ervas e árvores sagradas, seus espaços onde habitam os Orisa, sentimos e compreendemos variações do movimento do existir. Esses registros estão, por exemplo, na “feitura de iyawô”, momento de nascimento ritual do ser comunitário; no tempo de amadurecimento dos iniciados, porque quanto mais “velhos de santo”, mais portadores de Asè, energia vital; no asese, cerimônia que ocorre quando os iniciados morrem, e através da qual é criado um campo de transição para sua volta do aiyê (terra) para o orum (céu/infinito), e de elaboração do luto para os que aqui ficaram.
No cotidiano do egbé, sentimos e compreendemos que a vida é constituída de momentos de plácida calmaria em que “nada parece acontecer”, sendo possível ouvir o vento soprar, uma folha cair, e momentos de intenso dinamismo, quando o toque vigoroso dos atabaques cria as condições necessárias para que se reatualize o contato com os Orisà/Bankisi/Voduns. Este conhecimento, incorporado e então traduzido pela palavra e pelo comportamento afetivo dos nossos mais velhos, nossos egbonmi, nos apresenta formas dignas de nascer, crescer, amadurecer e morrer, nos ajudando a compreender e lidar com a vida, suas alegrias, impasses e contradições.
Entendo que a tradição do terreiro tem essa possibilidade, porque está alicerçada em uma ordem simbólica que compreende que a vida só pode existir a partir de um sistema inter-relacional, de trocas, no qual cada componente deste sistema que é constituído de homens, divindades, antepassados e de elementos do reino vegetal, animal e mineral, é não só necessário, mas fundamental para a manutenção do todo. Esta dinâmica que integra sistemas de suporte/acolhimento e sistemas de limite não invasor nos permitiria adquirir formas de organização subjetiva nos auxiliando a elaborar os conflitos, os paradoxos naturais que se originam entre aquilo que necessitamos, desejamos, e aquilo que é possível ser obtido em função dos limites da realidade. No interior deste sistema, iniciados e adeptos, a partir de uma aprendizagem analógica, oral e afetiva, têm a oportunidade de amadurecer e cumprir seu destino.Podemos perceber o saber do terreiro através dos códigos que compõem o egbé, o barracão, os “assentos”[2] dos orisà, as danças, os mitos. Auxiliado pelas mães-criadeiras, um elemento deste sistema, vou tentar mostrar como esta tradição religiosa nos permite aprender a amadurecer, transmitindo e recriando a história de nossa raiz africana.A mãe-criadeira, que é chamada no terreiro de Jibonã, Ajibonã ou Iyá Ojubonã, é um termo que vem do iorubá Iyá Oju Bi Onan e tem como tradução “a mãe que abre os olhos para o caminho” ou “a mãe que leva ao caminho do nascimento”. Este “cargo” é ocupado por uma mulher, iniciada, que tem a responsabilidade de cuidar dos iaôs durante a iniciação Ela está presente desde a chegada do novo filho à comunidade para o início da “feitura do santo” — gestação comunitária —, passando pelo momento do “dia do nome” — parto comunitário —, até o final do processo, quando o novo iaô retorna para sua casa e família de origem. (...)Entendo, contudo, que a tradição do terreiro em sua psicologia do amadurecimento, através da mãe-criadeira, facilita a criação de uma “atmosfera”, de um campo intersubjetivo para que o “iyawo/filho de santo” tenha as condições necessárias para viver o campo de liminaridade que é a iniciação, e construir um outro “ser e viver” no mundo. Costumo dizer que, simbolicamente, a mãe ou o pai-de-santo é o corpo comunitário que gesta o iniciado, enquanto a mãe-criadeira é o útero-continente, onde esta gestação se processa.
Conversando conosco, elas vão mostrar como vivenciam e compreendem o processo de nascimento no terreiro.
[1] Este trabalho é dedicado à memória de Firmina Basília dos Reis. Mãe Firmina de Iyemanjá, minha Mãe-criadeira que, se com sua volta para o Orum deixou uma saudade muito grande no coração de seus filhos, deixou também, incorporados em nós, a vivência e o registro de uma capacidade de cuidar e de respeito pelo humano e pela vida.

Fragmento da Dissertação de Marco Antonio Guimarães.

Dia 2 de Fevereiro


 Salsa  da praia - Gele oboró
Folha importante no culto de Iyemonja.



Abaixo: Mãe Beata de Iyemonja.
Iyálóòrisá, uma jóia preciosas do culto de 
 Iye omo eja! 

Este dia é dedicado a Iyemoja,o grande gavião do rio.
Iyemoja senhora de seios fartos, que amamenta até aqueles que não seus filhos.

Dia Dois
De Fevereiro
Dia de festa no mar
Eu quero ser o primeiro
Pra saldar Yemanjá.

Escrevi um bilhete a ela
Pedindo pra ela me ajudá
Ela então me respondeu
Que eu tivesse paciência de esperar.

O presente que eu mandei pra ela,
De cravos e rosas, vingou.
– Chegou! chegou! chegou!
Afinal que o dia dela chegou.

Báálé Iyemoja àgbódò dáhùn ire Íyá mi. Aseperiola. Aberìn èye lénu. Iwo loko mi. Abìrín iyì lésè méjèji. Olówo orí mi. Omi owó kò `wón nílé wa, Omi là bureke. Iyemoja a tó fara ti bí òkè. O lómi nílé bí egbele. Òrisa tí nfi omi tútù ´má gba èjé. Iyemoja a tún orí eni kó sunwòn se. Túbò tún orí mi se kalé o.

(Báále Iemanjá, de dentro das águas, responde com o bem).
Minha Mãe, que pode ser chamada para trazer prosperidade. A que sorri elegantemente. Você é minha Senhora. Louváveis são os passos de seus pés. Dona da minha cabeça. A água que tráz prosperidade não falta em nossa casa. Água em abundância. Iemanjá, firme como a montanha, nela podemos nos apoiar. Possui casa formada por muitas águas. Orixá que cura doenças com água fria. Que cura sem pedir sangue aos familiares do doente. Iemanjá, que melhora a má cabeça, melhore mais e mais a minha cabeça, até o fim da minha vida.
Iemanjá lhe dê paz, saúde e asé!

Bábà Olúdàré