domingo, 26 de janeiro de 2014

É difícil ter que admitir que tudo isso é verdade.

Um americano que morou em São Paulo por três anos resolveu criar um lista com motivos pelos quais odiou viver no Brasil. Ele é casado com uma brasileira e não gostou muito da experiência. A lista inicial tinha 20 motivos, mas um fórum gringo resolveu continuá-la.
1- Os brasileiros não têm consideração com as pessoas fora do seu círculo de amizades e muitas vezes são simplesmente rudes. Por exemplo, um vizinho que toca música alta durante toda a noite… E mesmo se você vá pedir-lhe educadamente para abaixar o volume, ele diz-lhe para você “ir se fud**”. E educação básica? Um simples “desculpe-me “, quando alguém esbarra com tudo em você na rua simplesmente não existe. 
2- Os brasileiros são agressivos e oportunistas, e, geralmente, à custa de outras pessoas. É como um “instinto de sobrevivência” em alta velocidade, o tempo todo. O melhor exemplo é o transporte público. Se eles vêem uma maneira de passar por você e furar a fila, eles o farão, mesmo que isso signifique quase matá-lo, e mesmo se eles não estiverem com pressa. Então, por que eles fazem isso? É só porque eles podem, porque eles vêem a oportunidade, por que eles querem ganhar vantagem em tudo. Eles sentem que precisam sempre de tomar tudo o que podem, sempre que possível, independentemente de quem é prejudicado como resultado. 
3- Os brasileiros não têm respeito por seu ambiente. Eles despejam grandes cargas de lixo em qualquer lugar e em todos os lugares, e o lixo é inacreditável. As ruas são muito sujas. Os recursos naturais abundantes, como são, estão sendo desperdiçados em uma velocidade surpreendente, com pouco ou nenhum recurso. 
árvore Ong meio ambiente Amazônia
4- Brasileiros toleram uma quantidade incrível de corrupção nos negócios e governo. Enquanto todos os governos têm funcionários corruptos, é mais comum e desenfreado no Brasil do que na maioria dos outros países, e ainda assim a população continua a reeleger as mesmas pessoas. 
5- As mulheres brasileiras são excessivamente obcecadas com seus corpos e são muito críticas (e competitivas com) as outras. 
6- Os brasileiros, principalmente os homens, são altamente propensos a casos extraconjugais. A menos que o homem nunca saia de casa, as chances de que ele tenha uma amante são enormes. 
7- Os brasileiros são muito expressivos de suas opiniões negativas a respeito de outras pessoas, com total desrespeito sobre a possibilidade de ferir os sentimentos de alguém. 
8- Brasileiros, especialmente as pessoas que realizam serviços, são geralmente malandras, preguiçosas e quase sempre atrasadas. 
9- Os brasileiros têm um sistema de classes muito proeminente. Os ricos têm um senso de direito que está além do imaginável. Eles acham que as regras não se aplicam a eles, que eles estão acima do sistema, e são muito arrogantes e insensíveis, especialmente com o próximo. 
10- Brasileiros constantemente interrompem o outro para poder falar. Tentar ter uma conversa é como uma competição para ser ouvido, uma competição de gritos. 
11- A polícia brasileira é essencialmente inexistente quando se trata de fazer cumprir as leis para proteger a população, como fazer cumprir as leis de trânsito, encontrar e prender os ladrões, etc. Existem Leis, mas ninguém as aplica, o sistema judicial é uma piada e não há normalmente nenhum recurso para o cidadão que é roubado, enganado ou prejudicado. As pessoas vivem com medo e constroem muros em torno de suas casas ou pagam taxas elevadas para viver em comunidades fechadas. 
12- Os brasileiros fazem tudo inconveniente e difícil. Nada é simplificado ou concebido com a conveniência do cliente em mente, e os brasileiros têm uma alta tolerância para níveis surpreendentes de burocracia desnecessária e redundante. Brasileiros pagam impostos altos e taxas de importação que fazem tudo, especialmente produtos para o lar, eletrônicos e carros, incrivelmente caros. E para os empresários, seguindo as regras e pagando todos os seus impostos faz com que seja quase impossível de ser rentável. Como resultado, a corrupção e subornos em empresas e governo são comuns. 
14- Está quente como o inferno durante nove meses do ano, e ar condicionado nas casas não existe aqui, porque as casas não são construídas para ser herméticamente isoladas ou incluir dutos de ar.
15- A comida pode ser mais fresca, menos processada e, geralmente, mais saudável do que o alimento americano ou europeu, mas é sem graça, repetitivo e muito inconveniente. Alimentos processados, congelados ou prontos no supermercado são poucos, caros e geralmente terríveis. 
16- Os brasileiros são super sociais e raramente passam algum tempo sozinho, especialmente nas refeições e fins de semana. Isso não é necessariamente uma má qualidade, mas, pessoalmente, eu odeio isso porque eu gosto do meu espaço e privacidade, mas a expectativa cultural é que você vai assistir (ou pior, convidar amigos e família) para cada refeição e você é criticado por não se comportar “normalmente” se você optar por ficar sozinho. 
17- Brasileiros ficam muito perto, emocionalmente e geograficamente, de suas famílias de origem durante toda a vida. Como no #16, isso não é necessariamente uma má qualidade, mas pessoalmente eu odeio porque me deixa desconfortável e afeta meu casamento. Adultos brasileiros nunca “cortam o cordão” emocional e sua família de origem (especialmente as mães) continuam a se envolvido em suas vidas diariamente, nos problemas, decisões, atividades, etc. Como você pode imaginar, este é um item difícil para o cônjuge de outra cultura onde geralmente vivemos em famílias nucleares e temos uma dinâmica diferente com as nossas famílias de origem. 
18- Eletricidade e serviços de internet são absurdamente caros e ruins. 
19- A qualidade da água é questionável. Os brasileiros bebem, mas não morrem, com certeza, mas com base na total falta de aplicação de leis e a abundância de corrupção, eu não confio no governo que diz que é totalmente seguro e não vai te fazer mal a longo prazo. 
20- E, finalmente, os brasileiros só tem um tipo de cerveja (aguada) e realmente é uma porcaria, e claro, cervejas importadas são extremamente caras. 
21- A maioria dos motoristas de ônibus dirigem como se eles estivessem tentando quebrar o ônibus e todos dentro dele. 
22- Calçadas no meu bairro são cobertos com mijo e coco de cães que latem dia e noite. 
23- Engarrafamentos de Três horas e meia toda vez que chove . 
24- Raramente as coisas são feitas corretamente da primeira vez. Você tem que voltar para o banco, consulado, escritório, mandar e-mail ou telefonar 2-10 vezes para as pessoas a fazerem o seu trabalho. 
25- Qualidade do ar muito ruim. O ar muitas vezes cheira a plástico queimado. 
26- Ir a Shoppings e restaurantes são as principais atividades. Não há nada pra fazer se você não gastar. Há um parque principal e está horrivelmente lotado. 
27- O acabamento das casas é péssimo. Janelas, portas , dobradiças , tubos, energia elétrica, calçadas, são todos construídos com o menor esforço possível. 
28- Árvores, postes, telefones, plantas e caixas de lixo são colocados no centro das calçadas, tornando-as intransitáveis. 
29- Você paga o triplo para os produtos que vão quebrar dentro de 1-2 anos, talvez. 
30- Os brasileiros amam estar bem no seu caminho. Eles não dão espaço para você passar. 
31- A melhor maneira de inspirar ódio no Brasil? Educadamente recusar-se a comer alimentos oferecidos a você. Não importa o quão válida é a sua razão, este é considerado um pecado imperdoável aos olhos dos brasileiros e eles vão continuar agressivamente incomodando você para comê-lo. 
32- As pessoas vão apertar e empurrar você sem pedir desculpas. No transporte público você vai tão apertado que você é incapaz de mover qualquer coisa, além da sua cabeça. 
33- O Brasil é um país de 3° mundo com preços ridiculamente inflacionados para itens de qualidade. Para se ter uma ideia, São Paulo é classificada como a 10ª cidade mais cara do mundo. (New York é a 32ª). 
34- A infidelidade galopante. Este não é apenas um estereótipo, tanto quanto eu gostaria que fosse. Homens na sociedade brasileira são condicionados a acreditar que eles são mais ”virís” por saírem com várias mulheres. 
35- Zero respeito aos pedestres. Sim, eles não param para você passar. Na melhor das hipóteses, eles vão buzinar. 
36- Quando calçadas estão em construção espera-se que você ande na rua. Alguns motoristas se recusam a fazer o menor desvio a sua presença, acelerando a poucos centímetros de você, mesmo quando a pista ao lado está livre. 
37- Nem pense em dizer a alguém quando você estiver viajando para o EUA. Todo mundo vai pedir para você trazer iPods, X-Box, laptops, roupas, itens de mercearia, etc. em sua mala, porque eles são muito caros ou não disponíveis no Brasil. 
38- A menos que você goste muito de futebol ou reality shows (ou seja, do Big Brother), não há nada muito o que conversar com os brasileiros em geral. Você pode aprender fluentemente Português, mas no final, a conversa fica muito limitada, muito rapidamente. 
39- Tudo é construído para carros e motoristas, mesmo os carros sendo 3x o preço de qualquer outro país. Os ônibus intermunicipais de luxo são eficientes, mas o transporte público é inconveniente, caro e desconfortável para andar. Consequentemente, o tráfego em São Paulo e Rio é hoje considerado um dos piores da Terra (SP, possivelmente, o pior). Mesmo ao meio-dia podem ter engarrafamentos enormes que torna impossível você andar mesmo em um pequeno trajeto limitado, a menos que você tenha uma motocicleta. 
40- Todas as cidades brasileiras (com exceção talvez do Rio e o antigo bairro do Pelourinho em Salvador), são feias, cheias de concreto, hiper-modernas e desprovidas de arquitetura, árvores ou charme. A maioria é monótona e completamente idênticas na aparência. Qualquer história colonial ou bela mansão antiga é rapidamente demolida para dar lugar a um estacionamento ou um shopping center.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A HISTÓRIA DE OSÉTURÀ

Oséturà

Ele também traz o título de “Ojisé-ebó”, que quer dizer, “o carregador de ebó, pois ele é aquele que tem a função de transportar o ebó do aiyé (terra) para o orun (além). Também é conhecido como Akín-Oso que quer dizer o grande mago, grande feiticeiro. Ele é aquele que faz e sabe fazer o ebó dar certo.

Oseturá é peça fundamental do oráculo de Ifá, que relata claramente o desenvolvimento da função de Esù na história a seguir.

Olódùmaré colocou sobre a Terra quatrocentos Ìrúnmalé (são as entidades que não pisarão no solo terrestre) à direita, duzentos Òrìsà (eborá) à esquerda e ordenou que todo as questões deveriam ser consultadas à Òrùnmilá através do sistema Ifá.

Olódùmaré enviou os “dezesseis odu” ao mundo para que eles fertilizassem e estabelecessem a terra, colocando em prática os ensinamentos recebidos do Criador e transmitidos por Òrùnmilá.

Com esses ensinamentos, os Odu tiveram a missão de instalar os pilares de fundação que sustentariam a terra. Isto feito poderiam existir neste mundo os Òrìsà e todos os seres humanos. Quando chegaram tiveram que estabelecer primeiramente a floresta (igbó), abrindo nela uma clareira que seria consagrada a “oro”, o igbó-oro, local de adoração na floresta. Oro é como se fosse poder.

Sem oro nada é feito. É um Ìrúnmalé que concentra potência. Oro é reza.

A segunda clareira seria para “Egun”, o Igbó-egun, também chamada de “Igbó-opá” ou“Igbó-Igbalé”, onde séria cultuado, e resolvido os assuntos relativos a egun toda parte de magia relacionada a ancestre.

A terceira clareira seria para “Odu-ifá”, o “Igbó-ifá” onde todos os “odu” iriam cultuar o oráculo Ifá.

A quarta clareira seria implantada para os “Òrìsà”, o “Igbo-Òrìsà”, local de adoração e oferenda aos Òrìsà.

Olódùmaré ensinou também aos Odu como resolver também os locais de assentamento e adoração, os “Ojubó” (lugares de adoração) e como deveriam ser feitas oferendas para que não houvesse mortes prematuras, nem esterilidade, infecundidade, perdas, vida paupérrima, doenças sem razão, enfim, nada de mal ou destrutivo se abatesse sobre os homens e sobre a terra.

Lembramos que Òrùnmilá sempre foi o administrador principal entre Olódùmaré e os dezesseis Odu. O pequeno grande sábio, com sua inteligência e sabedoria, ajudava o Criador em todas as tarefas de formação da terra.

Depois de algum tempo, muitas situações se resolviam positivamente, por exemplo: se alguém estivesse doente, ele consultava a Orunmilá para saber se Egun poderia salvá-lo. Com a resposta afirmativa, o doente seria conduzido ao Igbó-oro ou igbó-igbalé e então, um ebó era feito ou uma oferenda para egungun.

Se houvesse uma mulher estéril, deveria consultar por Ifá a Orunmilá para que indicasse um ebó e uma infusão de folhas e raízes contendo um Ase da Iya-mi para que a mulher bebesse e se tornasse fértil. Se alguém estivesse levando uma vida miserável demais, Orunmilá informaria à respeito. Poderia ser que “oro” estivesse associado à sua própria entidade criadora. Orunmilá diria à pessoa que “oro” deveria ser adorado e o homem seria levado à “floresta de oro “.

Os Odu seguiram esta prática por muito tempo. Enquanto isso inúmeras oferendas e inúmeros ebó eram realizados sem que em nenhuma reunião ou encontro, fosse repartido ou compartilhado com o poder feminino, representado pela Iya-mi. Esse desrespeito, abandono e principalmente o fato dos odu não darem a devida importância a Iya lhes trariam sérios problemas, como veremos nos fatos a seguir narrados.

A indignação da Iya-mi foi extremamente profunda e contundente. Ela lançou sobre tudo e todos o seu “ase” negativo, fazendo com que todos os objetivos e propósitos se tornassem absolutamente contrários. Por exemplo: quando os Odu indicavam ou levavam animais que servissem como oferendas, fossem carneiros, aves, sobre tudo o “ase” negativo era lançado e tudo se tornava inútil.

Se os pedidos encaminhados eram para alguém não morrer, o doente morria. Se o pedido solicitava a morte de alguém, este alguém sobreviveria. Se o pedido era para a mãe parir um filho, ela ficava totalmente estéril. A vingança do poder feminino estava instalada.

Tudo que ocorria ultrapassava a compreensão e capacidade de solução que os Odu possuíam. Eles já tinham aplicado todos os conhecimentos e não conseguiam reverter à situação. Resolveram então reunir-se no “igbó” e por meio do Opele e dos ikin consultar a Orunmilá.

Contudo as caídas dos ikin e do opele negaram-se a responder qualquer coisa sobre os problemas que estavam ocorrendo. Preocupados e intrigados, os Odu, mesmo assim, ainda receberam por Ifá a instrução que deveriam ir ao Orun (céu) e conversar com Orunmilá. Chegando no Orun os Odu encontraram Orunmilá e este tomou consciência da situação, pediu aos Odu que o deixassem sozinho e depois partiu vagando pelo céu para encontrar Olódùmaré.

Neste momento, Orunmilá já pressentia que algo de profundo estava por ocorrer, isto é, a necessidade de uma nova situação surgir, a décima-sétima figura. Esta figura deveria ser muito ágil, esperto e ter também sabedoria, presumia ele.

Seria preciso a função Esu chegar à Terra. Depois de muito vagar, Orunmilá encontra Olódùmaré que estava ao lado do “Poder Esu”. Presume-se que Orunmilá encontrou “Deus” (Olódùmaré) em sua face esquerda (Esu). Imagina-se que Orunmilá viu o “lado que castiga” do Criador.

Olódùmaré disse que devido à desobediência dos Odu e também do mau comportamento, ele não poderia interferir e recomenda que os Odu voltassem à Terra e pedissem desculpas à Iya-mi.

Orunmilá voltou e falou para os Odu que eles deveriam tentar obter o perdão da Iya-mi. Deveriam reverenciá-la e convidá-la para participar dos encontros, ebó, oferendas e reuniões. Os Odu obedeceram mais não obtiveram êxito. A Iya-mi, inflexível, não aceitava pedido algum de desculpas, um a um os Odu tentavam de tudo para reverter à dura posição da representante do poder ancestre feminino.

Ela continua magoada e com o seu orgulho muito ferido apesar das referidas súplicas de desculpas dos Odu.

Após sete dias, os Odu já estavam cansados e quase desistindo quando surgiu uma possibilidade de reverter a difícil situação. Ela disse que se os Odu com seus “Ase” conseguissem fazê-la engravidar e parir um ser masculino, a situação estaria contornada. Todavia teriam que aceitar este ser em todas as reuniões, ebó e oferendas.

Ele funcionaria como um representante presente dela, Iya-mi, entre os Odu. Mas se o ser que ela parisse fosse feminino aí tudo estaria arrasado, pois ela jamais perdoaria os Odu, espalhando ainda mais pedaços de seu “Ase” negativo sobre tudo e sobre todos, pondo fim inclusive na própria terra. Em resumo, se os Odu conseguissem com suas magias e “ase” que ela tivesse um filho homem e que mantessem a presença e a participação deste filho-homem em tudo o que fosse decidido e realizado, a situação estaria contornada. Concluía ela que se os Odu tivessem êxito, seria uma grande prova que Olódùmaré tinha dado de sabedoria e que também tinha ajudado os Odu.

Sem outra escolha os Odu aceitaram o desafio e pediram ajuda de Orunmilá. Além desta, solicitaram ajuda dos Òrìsà que também deveriam lançar os “Ase” propiciatórios para a criança ser homem. Um a um lançava sobre a cabeça da Yia-mi todos os “ase” diariamente e os outros diziam “too” (assim seja). Até o dia do parto o ritual foi repetido.

Chegou então o grande dia e a criança nasceu. Todos queriam saber o sexo mais a mãe não permitiu. Disse que só depois de nove dias o sexo seria revelado e a criança seria apresentada, pois enquanto o umbigo não caísse o nome não seria dado também.

Após os nove dias a Iya-mi mostrou o filho a todos e para a felicidade geral era menino, “era homem”. O filho varão foi colocado nas mãos de “Òrìsànlá” que assim que viu que era menino gritou “Muso!” (viva, viva).

Todos os Òrìsà e todos os Odu seguraram o menino, quando alguém entre eles questionou: qual nome receberá a criança?

Òrìsànlá falou que tinham sido os Òrìsà que conseguiram com seu ase que a criança fosse menino, então o pequeno deveria chamar-se “Ase-twa” (o poder ele nos trouxe). Houve contestação de todos os Odu pois estes chamavam a si a principal parcela de sucesso na tarefa de lançar os ase propiciatórios, que conseguiram fazer a criança ser menino. Resolveram levar o menino para que fosse consultado por Ifá. Assim ficaria definido qual ou quais Odu seria (am) responsável (eis) pelos destinos do pequenino.

Orunmilá revela então que o menino deveria chamar-se Osetura, pois tinham sido os Odu Ose e Oturá que tinham propiciado caminhos para que aquele ser vivesse na Terra. Após a sagração do menino ao grupo dos dezesseis Odu, este grupo passou a ter dezessete figuras. Se uma mulher estéril queria um filho, como por encanto um filho ela teria. Os pedidos passaram a ser atendidos. Enquanto isso a Iya-mi, satisfeita em parte, orgulhando-se do filho varão, resolveu chamá-lo de “akín-oso” (o poder mago, homem dotado de grande poder natural).

Os odu também passaram a chamá-lo de “Akín Oso”. Em todas as reuniões, decisões, trabalhos, ebó e oferendas, os Odu tinham que levar o menino que agora fazia parte do grupo. Ele era a décima-sétima figura. Apesar de imposta ao grupo dos 16 odu eles não o aceitavam completamente. Eram sim obrigados, pelo pacto feito, a conviver com Osetura. Mais uma vez, a auto-confiança e até uma certa rebeldia dos Odu, como na fase que ignoravam a Iya-mi, fez os Odu ter comportamento parecido com Oseturá.

A situação voltou a ficar incontrolável. Uma grande seca se abateu sobre a terra. Presume-se que os Odu, apesar de levarem Osetura para os trabalhos, “não o aceitavam”. Ele não tinha mostrado “para o que veio” . A seca tudo destruía. Os animais morriam, as folhas secavam, os rios desapareciam. Não chovia haviam três anos e até o orvalho desaparecera.

Os Odu apavorados consultaram Orunmilá e receberam a informação por Ifá que um grande Ebó deveria ser feito e oferecido a Olódùmaré, para que este tivesse misericórdia da Terra. Este ebó era constituído de vários animais, pássaros, frutas e comidas, ovos, 16 panos crus, folhas de ifá e 16 quartinhas com “Epo”.

Quando a oferenda ficou pronta, o Odu Ogbé foi o primeiro a tentar levar o ebó do Aiyé para o Orun. Não conseguiu. No dia seguinte, Odu Oyeku tentou e não obteve êxito. Depois, Iwori, Odi, Irosun e assim até o décimo-sexto, Ofun, todos fracassaram.

As portas do orun não se abriram para nenhum deles. Estavam “pesados” de tanta comida, bebidas, astralmente pesados, não rompiam da terra para o céu.

Decidiram então que a décima-sétima figura, Osetura, deveria tentar. Falaram com ele, mas ele, astutamente, a princípio recusou e disse que não estava bem naquele momento. Sozinho, akín-oso (Oseturá) foi ao igbó consultar Ifá para tentar saber de Orunmilá como proceder. Por Ifá obteve a informação que deveria fazer um ebó antes de levar a oferenda grande. Foi informado também que no caminho surgiria uma anciã e que esta deveria ser bem tratada.

Orunmilá disse também se Osetura obtivesse êxito, gozaria de prestígio e respeito para sempre entre os Odu e entre todos da Terra. Osetura preparou-se para fazer seu ebó e no caminho encontrou a referida anciã. Ela dirigiu-se a ele e disse: “akín-oso, aonde você vai? Ouvi rumores sobre as tentativas dos Odu de levar o grande ebó para Olódùmaré. Você tem alguma coisa para me dar?, disse ela. Oseturá deu-lhe alguns búzios. Agradecida ela falou que há três dias não tinha nada para comer.

Ela perguntou: “Você tomou “alimentos” hoje?”. Como a resposta foi positiva, ela disse então: “Não tente hoje. Faça jejum e tente amanhã”. Despediram-se e Osetura não percebeu que aquela anciã era a própria Iya-mi, disfarçada naquela velha maltrapilha.

Era, portanto, sua mãe. Somente mais tarde ele veio a entender o que aí se passou. Ao encontrar os Odu ele omitiu a tática que iria utilizar, somente dizendo que sua tentativa seria feita outro dia. Chegando ao local das oferendas, em completo jejum, o “ajubó ebó” ele encontra a presença de Esu. Assim que ele começa a “arriar o grande ebó” é sugado com o presente e rompem do “Aiyé” para o “orun” . As portas do céu já estavam abertas.

Ao encontrar Osetura que se estremecia todo, Olódùmaré disse: “Ah! Você viu quando choveu pela última vez na Terra? Pergunto-lhe se o mundo não foi destruído? O que ainda existe? Osetura não consegue nem falar. Olódùmaré percebendo o comportamento de Osetura, apanhou um “Ase” mágico, valioso no orun e de fundamental importância na terra. Esse “ase” eram bastões energéticos, feixes de chuva.

A instrução era para que Oseturá voltasse para a Terra, de posse dos bastões. E assim foi feito. Quando ele chega e rompe na atmosfera terrestre, os bastões encantados são lançados, repletos de “ase” , que imediatamente se transformam em chuva, em uma ciranda da vida que culminaria com a salvação da Terra. Ouvia-se ao longe trovões e via-se os raios anunciando a chegada da chuva remetida por Olódùmaré e trazida por Oseturá, aquele que tinha sido o carregador, o transportador do “grande ebó”.

Assim queOseturá chegou a Terra, viu em primeiro lugar uma plantação de quiabos, viu uma plantação de feijão, viu uma plantação de milho, inhame, abóbora, dendezeiros, todos florindo. Viu as folhas brotarem; o verde voltara. Além dos dezesseis Odu, todos saudavam e aclamavam Oseturá.

Os homens se curvavam perante ele. Até um cavalo ele ganhou, sinal de nobreza, pois somente os nobres possuíam cavalo. Oseturá foi “coberto” de presentes, todos queriam que ele fosse “portador” de suas oferendas, pois ele tinha obtido êxito de transportar o ebó para Olódùmaré, onde todos falharam.

Desde este dia ele ganhou também o título de “ojisé ebó”, o transportador de ebó.

Ficou também estabelecido por todos os Odu e Òrìsà que qualquer trabalho ou oferenda a ser feita, em primeiro lugar deverá ser comunicada a Esu e algo lhe ofertado (Oseturá, Akín-oso), pois ele dividirá com seu pai Esu Odara o presente recebido.

Presume-se que este Esu Odara seja o lado esquerdo de Deus e Esu é o representante de Esu Odara na Terra. Orunmilá determinou que qualquer trabalho relativo aos Odu e aos Òrìsà deverá antes ser feita uma oferenda para Oseturá. Desde então nenhum Odu ou Òrìsà aceitaria oferenda alguma sem que antes tivesse sido agradado, lembrado e respeitado o “transportador”, o “portador” do Ebó Oseturá. Conseqüentemente, Oseturá passou a dividir tudo que recebia com Esu Odara, seu pai, seu criador, ou seja, o lado esquerdo de Deus.

A formade Esu no orun é Esu Odara, enquanto que aqui na terra Oseturá é o próprio Esu, assim como Elegbará, Elegbira também são formas de Esu na terra. Ele se converte em portador e carregador de oferendas para o Orun, recebendo o título de “ojisé-ebó”. Também podemos chamá-lo de Esu-Elebó, o proprietário, o que controla e regula o ebó.

Esu é inclusive conhecido como “Eleru”, senhor do “eru”, carrego ritual. Esu é portanto filho da Iya-mi, representante do poder ancestre feminino e dos Ase dos 16 Odu-Agba, representando o poder masculino. A relação harmoniosa entre o poder feminino e masculino é restabelecida com o nascimento de Osetura, que é o resultado da fertilização e da descendência. Osetura restabelece a relação harmoniosa por duas vezes.

A primeira quando nasce varão, restabelecendo a harmonia entre a Iya-mi-ajé e os dezesseis Odu-agba, salvando a terra do caos e do aniquilamento. A seguir ele conseguiu que as portas do Orun lhe fossem abertas, outra vez salvando a terra da seca total, reatando e mantendo, mais uma vez, a relação dinâmica do orun e aiyé.

Após esta história é fácil entendermos que a dinâmica de todo sistema yorubá é centrada em torno do ebó, da oferenda, o sacrifício em sua vasta gama de propósitos e modalidades, restituindo e redistribuindo “ase”. É o único meio para que a harmonia seja mantida nos dois planos ou seja, no orun e no aiyé. Esu se compromete em devolver tudo que ele devora, multiplicando e redistribuindo tudo em diversas formas, às vezes com riquezas, crescimento e honras. É por meio da devolução que Esu fornece a multiplicação e o crescimento. Tudo que existe de forma individual será redistribuído.

Toda pessoa viva é acompanhada, constituída por seu próprio Esu individual, elemento que permitiu seu nascimento, desenvolvimento e o fator multiplicador, cumprindo, portanto, o fator dinâmico harmoniosamente.

Esu sob a forma “yangi” é símbolo do elemento procriado, é responsável e o único capaz de reparar o útero mítico fecundado, o Igbá-nlá” ou “igbá-iwa”, cabaça da existência. Porém é bom ficar bem claro que apesar de Esu ser produto, do masculino e do feminino, é ele masculino, tão somente esta é a sua forma. Lembramos que a própria Iya-mi exigiu que o produto de sua fertilidade fosse masculina, fosse homem, isto lá no início da criação da terra. Logo, não existe Esu fêmea.

Em resumo, nunca se esqueçam de Esu. Presenteiem Esu e acima de tudo respeitem Esu.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Falando de vestimentas:

Falando de  vestimentas:

Na tentativa de auxiliar as pessoas para que possam se vestir de acordo com a religião tradicional Yorubà, compartilhamos algumas fotos, que mostram as mais diversas formas de usar o conhecido pano de cabeça.

Preocupados que estamos com a forma de se vestir de alguns sacerdotes e pessoas iniciadas, na dúvida da falta de informação ou do mal gosto de alguns citamos alguns itens, como referência:

Homem não usa pano de cabeça, usa fila ou kete.

Mulheres jamais deixam rabo de cavalo ou trança para fora do pano de cabeça.

Mulheres usam pano da costa, cobrindo o corpo ou no ombro esquerdo(salvo exceções) 

Homens usam itagbe no ombro esquerdo.

Ileke ihun (fio de contas), é usado para iyaba ou ifá.

Lagidiba é usado por pessoas iniciadas no culto Obaluaye/Omolu e que já tenha mais de dez anos


Monjolo é usado por pessoas iniciadas no culto de Sango

Alabastro é usado por pessoas iniciadas em Obatala.


Segi são usados por pessoas iniciadas no culto de Orísà Ogyian

Abalaye são contas usadas por pessoas mais velhas dentro do culto

Qualquer forma de fios de contas (seja de titulo ou não), não se atravessa ao corpo como bolsa atira-colo 

Para dançar para os Orisás sempre sem exceção se retira os calçados.

As roupas tradicionais podem ser usadas com chinelos, sandálias e sapatos.


Ninguém pode receber um titulo na hierarquia de mando sem estar vestido adequadamente e descalço. 
As mulheres que “incorporam” o Orisá quando dá chegada do Orisá é retirado o pano da cabeça, joias, relógios e adornos.

Os homens quando “incorporam” o orisá é retirado o fila, relógios, joias e adornos.
Os homens jamais devem colocar panos de cabeça estilo turbante.

O ide ifá ( pulseira ), é usado no pulso esquerdo o lado do coração 

O itagbe (estola), é usado somente por pessoas que fazem parte da sociedade Ogboni.

Os homens se assim desejarem podem participar de vários rituais, sem camisa. porém a cintura deverá estar coberta( sokotò ati buba).

Para as mulheres casadas o uso do pano de cabeça é obrigatório em todos os rituais.

Os homens casados jamais se apresentam com a cabeça descoberta.

Os babalawos, não usam Adjas, usam Iroke. O uso do iroke, do Opon e outros instrumentos de Ifá é vetado para mulheres.

O uso do Opele no pescoço é fora de contexto.

As roupas de cor vermelha jamais devem ser usadas por pessoas iniciadas no culto de Obatala, nas festas para esse Orisá, vestir vermelho é considerado uma ofensa. 


As roupas de cor preta jamais devem ser usadas por pessoas iniciadas no culto de Orísà.


Na tradição Yoruba, é comum comprar peças de tecido e todos os membros da casa confeccionarem suas roupas com a mesma estampa.

segunda-feira, 4 de março de 2013




Nenhum homem é abençoado pelo Orísà sem o consentimento de seu Orí. Orí eu te saudo!!!

Entendendo o Orí:
Quando nascemos, o Orí (cabeça), é o primeiro Òrìsà que recebemos, nele trazemos as impressões que estão gravadas no inconsciente, a nossa origem no universo. Ligados a ele por nosso Elédà, (mente superior), e fonte da inteligência para a sobrevivência no Aiyé (Terra), e dele (Orí), geramos toda a força propulsora que nos conduz em nossa jornada não somente para a vida em si mas também na saúde, prosperidade e equilíbrio, o qual está diretamente ligado ao Òrum (Céu), portanto aquele que conhece o próprio destino, da mesma forma que nos conduzirá na passagem do mundo físico ao espiritual, Ikú (a morte).
Assim, Orí = origem do ser = Elédà ( mente superior), está ligado ao Òrum, e ao mesmo tempo ligado à Terra (Aiyé), sobrevivendo após a morte para transmutar a morte física para a vida do espírito, e desta forma guardando em sua memória as marcas de sua origem.
“O pensamento provoca a ação”, “a ação provoca a reação”, e todos os frutos colhidos serão a resposta de nossa conduta, de nosso equilíbrio tanto mental como emocional, e isto é ter bom Orí, que saudaremos Olorire, e para aqueles com um mau Orí diremos Olori Burúkú, aquele de cabeça ruim, fraca.
Olódùnmarè, nosso Deus maior nos deu a perfeição, deixando conosco a sabedoria transcendente, a qual somente poderá ser compreendida com um bom Orí, assim diz o Oríkì (reza), “Nada se faz sem um bom Orí,” nem mesmo nosso corpo tem comando, não anda, não prospera, não tem alegrias, não tem saúde.



Para refletir....

O ritual é uma forma de comunicação que demonstra que aquilo que você acredita e tem valor.
Todo ritual tem um custo, pode ser dedicação, disciplina, dinheiro, trabalho, tempo, etc. O ritual une as pessoas em torno dos valores que elas acreditam e compartilham. O consenso do grupo que acredita promove a união, o fortalecimento dos laços e valoriza ainda mais a fé.



* Bate papo com Dr. Venâncio P. Dantas 

Assim Eu vejo Odu Ifá:

Olodumare criou este planeta e deixou aqui os 16 anciões ODU como nossos guardiões.
E de merindilogun recebemos estas orientações:

Eji ogbe diz: cuida da tua cabeça e respeita os teus mais velhos.
Obara diz: cuida da imagem que mostra os outros e guarda teus projetos para não despertar a inveja.
Odi diz: todo aquele que trabalhar árduo recebera recompensa, mais lembre se não seja traidor daqueles que confiaram em ti.
Osà diz : cuidado com força da tua palavra, ela pode te escravizar.
Ofun diz: cuida da tua religiosidade para não ser um amaldiçoado.
Osè diz: cuida dos teus sentimentos para não ser vulgar.
Okanran diz: todo ladrão será punido.
Owonrin diz: não guarde tuas enxadas no celeiros para ficar pedindo bênçãos do Orun.
Irosun diz: honra os teus antepassados 
Eji oko diz: cuida da educação dos teus filhos.
Eji lasebora diz: você será lembrado pelos teus descendentes.
Ika diz: o teu limite é a morte física.
Ogunda diz: a obsessão te levará a loucura.
Oturupon diz: Ouça o conselho dos mais velhos e aplica os em tua vida. 
Ofun kanran diz: cuida do teu caráter .
Irete diz: Aquele que for digno carrega grandes honras em sua cabeça.


Bábà Olúdàré

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Iyá mí Osórongà


 
 
 
 
 
 
Iyá Mi Osorongá ( Ìyá Mi Osorongà ) é a síntese do poder feminino,
claramente manifesto na possibilidade de gerar filhos e, numa noção 
mais ampla, de povoar o mundo. Quando os iorubás dizem "nossas mães 
queridas" para se referirem às Iyá Mi, tentam, na verdade, apaziguar 
os poderes terríveis dessa entidade.
Donas de um axé tão poderoso quanto o de qualquer orixá, as Iyá Mi 
tiveram seu culto difundido por sociedades secretas de mulheres e 
são as grandes homenageadas do famoso festival Gèlèdè, na Nigéria, 
realizado entre os meses de março e maio, que antecedem o início das 
chuvas do país, remetendo imediatamente para um culto relacionado à 
fertilidade.Poder procriador, tornaram-se conhecidas como as senhoras dos 
pássaros e sua fama de grandes feiticeiras as associou à escuridão 
da noite; por isso também são chamadas de Eleyé  e as corujas são 
seus maiores símbolos.
A sua relação mais evidente é com o poder genital feminino, que é o 
aspecto que mais aproxima a mulher da natureza, ou seja, dos 
acontecimentos que fogem à explicação e ao controle humano. Toda 
mulher é poderosa porque guarda um pouco da essência das Iyá Mi; a 
capacidade de gerar filhos, expressa nos órgãos genitais femininos, 
sempre assustou os homens e as cantigas entoadas durante o festival 
Gèlèdè fazem alusão a esse terrível poder -- que não pertence apenas 
às Iyá Mi, mas a qualquer mulher.
Mãe destruidora, hoje te glorifico:
O velho pássaro não se aqueceu no fogo.
O velho pássaro doente não se aqueceu ao sol. 
Algo secreto foi escondido na casa da Mãe ...Honras à minha Mãe!
Mãe cuja vagina atemoriza a todos.
Mãe cujos pêlos púbicos se enroscam em nós.
Mãe que arma uma cilada, arma uma cilada.
Mãe que tem potes de comida em casa.
As mães são compreendidas  como a origem da humanidade e seu grande 
poder reside na decisão que tomar sobre a vida de seus filhos. É a 
mãe que decide se o filho deve ou não nascer e, quando ele nascer, 
ainda decide se ele deve viver. A mulher, especialmente nas 
sociedades antigas, tinha inúmeros recursos para interromper uma 
gravidez. E, até os primeiros anos de vida, uma criança depende 
totalmente de sua mãe; se faltarem seus cuidados a criança não 
vinga. Em síntese, todo ser humano deve  a vida a uma mulher. Se 
todas as mulheres juntas decidisses não mais engravidar, a 
humanidade estaria fadada a desaparecer. Esse é o poder de Iyá Mi: 
mostrar que todas as mulheres juntas decidem sobre o destino dos 
homens.
Mãe todo-poderosa, mãe do pássaro da noite.
Grande mãe com quem não ousamos coabitar
Grande mãe cujo corpo não ousamos olhar
Mãe de belezas secretas
Mãe que esvazia a taça
Que fala grosso como homem,
 
Grande, muito grande, no topo da árvore iroko,
Mãe que sobe alto e olha para a terra
Mãe que mata  o marido mas dele tem pena.
Iyá Mi é a sacralização da figura materna, por isso seu culto é  
envolvido por tantos tabus. Seu grande poder se deve ao fato de 
guardar o segredo da criação. Tudo que é redondo remete ao ventre e, 
por conseqüência, as Iyá Mi. O poder das grandes mães é expresso 
entre os orixás por Oxum, Iemanjá e Nanã Buruku, mas o poder de Iyá 
Mi é manifesto em toda mulher, que, não por acaso, em quase todas as 
culturas, é considerada tabu.
As denominações de Iyá Mi expressam suas características terríveis e 
mais perigosas e por essa razão seus nomes nunca devem ser 
pronunciados; mas quando se disser um de seus nomes, todos devem 
fazer reverencias especiais para aplacar a ira das Grandes Mães e, 
principalmente, para afugentar a morte.
As feiticeiras mais temidas entre os iorubás e nos candomblés do 
Brasil são as Àjé e, para referir-se à elas sem correr nenhum risco, 
diga apenas Eleyé, Dona do Pássaro. O aspecto mais aterrador das Iyá 
Mi  e o seu principal nome , com o qual tornou-se conhecida nos 
terreiros, é Oxorongá, uma bruxa terrível que se transforma no 
pássaro de mesmo nome  e rompe a escuridão da noite com seu grito 
assustador.
 
As Iyá Mi são as senhoras da vida, mas o corolário fundamental da 
vida é a morte. Quando devidamente cultuadas, manifestam-se apenas 
em seu aspecto benfazejo, são o grande ventre que povoa o mundo. Não 
podem, porém, ser esquecidas; nesse caso lançam todo tipo de 
maldição e tornam-se senhoras da morte.
O lado bom de Iyá Mi é expresso em divindades de grande fundamento, 
como Apaoká, a dona da jaqueira, a verdadeira mãe de Oxóssi Dizem 
que o deus caçador encontrou mel aos pés da jaqueira e em torno  
dessa árvore formou-se a cidade de Kêtu.
Os assentamentos de Iyá Mi ficam junto a grandes árvores como a 
jaqueira e geralmente são enterrados, mostrando a sua relação com os 
ancestrais, sendo também uma nítida representação do ventre. As Iyá 
Mi, juntamente com Exú e os ancestrais, são evocadas nos ritos de 
Ipadé, um complexo ritual que , entre outras coisas, ratifica a 
grande realidade do poder feminino na hierarquia do Candomblé, 
denotando que as grandes mães é que detém os segredos do culto, pois 
um dia, quando deixarem a vida, integrarão o corpo das Iyá Mi, que 
são, na verdade, as mulheres ancestrais.

Comida Sacra

Amalá, comida oferecida ao Orísà Sángò.

 

quinta-feira, 21 de junho de 2012

SUA ALMA ACORDA QUANDO SEU CORPO DORME!






SUA ALMA ACORDA QUANDO SEU CORPO DORME!


Quando dormimos, nossa alma acorda. Não somos o nosso corpo, em essência, somos a consciência que habita nosso corpo. Quando adormecemos o corpo, diminuímos o metabolismo físico, relaxamos a mente e com isso permitimos que nossa consciência -que está sediada na alma- se desligue temporariamente e viaje pelos mais diferentes locais nas dimensões extrafísicas.
DIFERENTES ASSÉDIOS
Podemos viajar na presença de nossos amigos espirituais e seres de Luz, se estivermos sintonizados em vibrações positivas. Nessa condição, normalmente quando acordamos nos sentimos bem, realizados e felizes com a vida.
Podemos também ser assediados por espíritos sombrios, por bagunceiros do plano espiritual, por desafetos de outras vidas e até por outros seres encarnados que estejam também em projeção astral. Isso tudo depende da condição na qual vamos dormir. E, no caso desses tipos de assédios -infelizmente muito comum- costumamos acordar com diversas sensações ruins, como dores de cabeça, mal-estar, desânimo pela vida, entre outros.
Podemos ficar presos aos nossos corpos por conta da aceleração do metabolismo provocada por erros na alimentação e, dessa forma, nem sairmos em projeção. Isso também acontece quando estamos hiperativos mentalmente.
Nestes casos, o que ocorre é que o corpo físico relaxa parcialmente e com isso a nossa consciência não se liberta por completo. Normalmente, nessas situações, após o período do sono, a pessoa relata que não conseguiu descansar direito e mesmo depois de ter dormido por várias horas, não encontra uma sensação de plenitude física e mental.
A PROJEÇÃO ASTRAL
É a faculdade que a alma tem de se projetar para fora do corpo físico durante o sono, mantendo-se ligada ao corpo denso por meio do cordão de prata.
Basicamente existem dois tipos de projeção: a consciente, em que o projetor tem discernimento sobre seus atos e pensamentos, e a não consciente, em que não há lembrança da saída do corpo. Portanto, todos estamos habilitados a realizar esta prática. Acontece comigo, acontece consigo, acontece com todo mundo, pois essa é uma natureza da alma humana. Todavia, muitas pessoas costumam achar que isso é loucura; que não é possível.
E QUANTO AOS SONHOS?
Quando dormimos, nossa consciência experimenta basicamente três principais padrões. São eles:
1 - Sonhos construídos com base nos elementos vivenciados durante o dia. Nesse caso, a pessoa costuma sonhar com situações misturadas, que reúnem elementos confusos, como entrar por uma porta, depois se ver em uma cadeira, depois observar um cachorro, conversar com o chefe, brigar com o vizinho, depois entrar num circo em que o palhaço vai embora, e mais tarde tomar um copo de suco, dentro de um elevador, que tem asas e voa até uma cozinha, que tem o Tiririca como cozinheiro, e assim por diante. Resumo, nada se liga a nada.
Este tipo de sonho manifesta o padrão mental desorganizado, agitado, tenso, cansado. É a reunião de burburinhos mentais que só revelam que a pessoa está precisando desacelerar a mente.
2 - Recordações de vidas passadas... Quando os sonhos têm mensagens sempre muito parecidas e afetam o emocional da pessoa com grande intensidade, eles dão indícios de ter relação com situações de vidas passadas que afloram durante o sono como uma recordação perturbadora. Aqueles sonhos que carregam sempre os mesmos elementos, como uma guerra, uma perseguição, um abandono ou uma situação específica, que a pessoa já sonhou repetidas vezes, manifestam provavelmente recordações de vidas passadas.

3 - Encontros espirituais nas projeções astrais. Quando estamos libertos do corpo físico, apenas ligados pelo cordão de prata, podemos, como já citado, ter diversas vivências em várias situações e contatos com outras consciências extrafísicas, de amor (ou não), de luz (ou não). Também podemos encontrar parentes e amigos desencarnados. Nesses casos, muitas vezes a pessoa ao acordar não se lembra de nada, mas nas situações em que a memória "funciona bem", qualquer um pode perceber a nitidez e a riqueza de detalhes na qual a experiência aconteceu.
O MAIOR APRENDIZADO
Para ter uma projeção astral proveitosa e harmoniosa é necessário adquirir o hábito de nos prepararmos consciencialmente para o sono, equalizando nossos pensamentos em elevadas vibrações, purificando nosso espírito, acalmando a nossa mente e procurando manifestar uma intenção positiva.
É importante a realização da prece, magnetizada pela vontade de servir aos planos de Luz naquilo que os seres de amor entendam ser a tarefa adequada para nós.
Também podemos e devemos pedir treinamentos e instruções nas escolas do plano espiritual, com o objetivo de seguirmos evoluindo na experiência física.
Prepare-se para o sono, cuide da sua energia antes de embarcar na viagem da alma e jamais, de maneira alguma, adormeça nutrindo sentimentos de raiva, revolta, vingança e mágoa, porque eles podem ser o elo de ligação entre a sua alma e os planos mais densos com seus representantes...

POR BRUNO J. GIMENES