quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Os Orixás

 
Como parte da criação do Orun e do Aiyê, Olodumare criou uma infinidade de hierarquias
atuantes nos diversos planos do Universo.
Dentre eles situam-se os Orixás - entidades intermediárias responsáveis primordiais pelas
funções relacionadas aos diversos reinos da natureza na Terra.
Tratam-se de Seres Divinos , facetas emanadas diretamente da Divindade Suprema Universal.
Os Orixás atuam de acordo com as funções que lhes são delegadas por Olodumare, inclusive
como mediadores entre Ele e os seres humanos.
A criação da Vida na Terra foi delegada ao Orixá Obatalá ( o rei do pano branco que esconde
a vida e a morte ), que com o seu ofu-rufu (o sopro divino) permeou várias outras dimensões
além da física. Dele emanaram os outros Orixás, com a tarefa de exercer domínio pleno
sobre os diversos reinos e elementos da natureza terrestre, porém dentro dos limites e tarefas
por Ele estabelecidos.
Há um itan (mito) que relata como o corpo de Obatalá foi atingido e partido em mil pedaços.
Ao receber a notícia, Olodumare designou Orunmilá para recolher todas as partes e traze-las
de volta.
Recolheu-os numa grande cabaça, assegurando o seu renascimento no Orun. O restante foi
espalhado por todo o mundo, fazendo com que de cada um nascesse uma divindade. Por
esta razão, considera-se Obatalá o Orixá maior, dentro do qual todos estão contidos – como a
cor branca contém todas cores.
O termo Orixá foi, inicialmente, utilizado para designar Obatalá, conhecido como Orisa nla ou
Osaala.
A energia vital – axé – que permeia todas as forças da natureza é parte do Orixá, que
representa o aspecto inteligente e estabelece um elo entre a humanidade e Olodumare.
Textos mais antigos falam de igba male ojukotun, igba male ojukosi : duzentas divindades do
lado direito e duzentas divindades do lado esquerdo – mais um.
A concepção de características antropomórficas deve-se à condição arquetípica que lhes é
inerente. No entanto, cabe ressaltar que os Orixá não pertencem à cadeia de evolução
humana.
Como personificação das mais violentas , grandiosas e incontroláveis forças da natureza,
força pura, axé (energia vital) esmagador, é evidente que Orixá desvincula-se à cadeia
cármica da evolução humana.
Conceber Orixá como um ancestral humano divinizado é um belo mito que confirma a filiação
humana a determinada linhagem dos reinos da natureza com seus quatro elementos: água,
terra, fogo e ar.
Ancestrais humanos podem ter se tornado encantados, pois a gama de seres divinizados
tutelares é imensa. Aliás, antes da ruptura entre Orun e Aiyê – seres pertencentes a
hierarquias não-humanas engravidaram mulheres, dando origem a estirpe dos chamados
“semi-deuses” , vastamente mencionados, por exemplo, na mitologia grega.
Diante de recentes teorias que ousam atribuir a origens não-terrestres o progresso
tecnológico não condizente com o adiantamento da época – que certas civilizações arcaicas
evidenciaram – poderiam os Orixás antropomorfizados estar incluídos nesses grupos.
Humanos ou não, é importante notar que deles se originaram as instruções que até hoje
seguimos, com relação ao corpo ritualístico / mágico da religião.
Os Orixás constituem energia pura que interfere, também, na existência dos seres humanos,
já que conosco compartilham da natureza terrestre e concorrem diretamente para a nossa
formação como seres individualizados. No momento em que o ser humano vem a encarnar,
aceitando o seu destino, seus corpos são criados com a energia predominante de um Orixá e
a de outros, em menor grau, formando assim um complexo inédito
 
Rituais:
 
As práticas e rituais da religião yorubá têm por finalidade a sintonia e integração do ser
humano com essa energia divina da qual foi formado.
Há pessoas que dispõem do dom de manifestar fìsicamente a presença do seu Orixá. Esta
manifestação é apenas uma forma de sintonia, nada tendo a ver com mérito ou elevação
espiritual. Em alguns seres humanos, a predisposição inata e rituais específicos fazem aflorar
com maior intensidade esta energia pura , que é o Orixá, podendo ocasionar os fenômenos do
transe e da incorporação, quando o arquétipo do Orixá se manifesta de forma plena.
De um panteão que atingia a casa das centenas, o número dos que transpuseram a barreira
do interesse local não atinge a casa das duas dezenas, sendo os mais populares: Orunmilá,
Exu, Obatalá, Ogun, Oxossi, Ossain, Oxumarê, Obaluaiê, Ibeji, Erinlé, Oxun, Olokun, Yemanjá,
Oyá e Xangô. Há também culto a Egungun e Iyami Oxorongá, que não são Orixás, mas
ancestrais

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