segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

2011 o Asè se multiplica!!!

Sou Bábà Olúdàré, chefe espiritual de uma pequena comunidade, que nos últimos anos graças a dedicação do meus filhos e do meu próprio esforço.... só temos do que nos alegrar. As bênçãos do Orísà em nossas vidas são uma constante!!!
Nosso lema tem sido um legado da senzala:
Somos um pelo outro, pois lá fora o que nos espera é a chibata(do mundo, é claro).


Aqui começaremos a contar um novo capítulo da nossa história.


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Finalmente. Um Pastor que sabe o que é INTERRELIGIOSIDADE




Trata-se sem dúvida, de uma sugestão de estudo para o Fórum Interreligioso por Uma Cultura de Paz e Liberdade de Crença da Secretaria de Justiça e Cidadania de SP



O jovem Pastor Ed René Kivitz lançando um de seus livros.
Parece mentira, mas foi verdade. No dia 1°/Abr/2010, o elenco do Santos, atual campeão paulista de futebol, foi a uma instituição que abriga trinta e quatro pessoas. O objetivo era distribuir ovos de Páscoa para crianças e adolescentes, a maioria com paralisia cerebral. Ocorreu que boa parte dos atletas não saiu do ônibus que os levou.
Entre estes, Robinho (26a), Neymar (18a), Ganso (21a), Fábio Costa (32a), Durval (29a), Léo (24a), Marquinhos (28a) e André (19a), todos ídolos muito aguardados.
O motivo teria sido religioso. A instituição era o Lar Espírita Mensageiros da Luz, de Santos-SP, cujo lema é Assistência à Paralisia Cerebral.
Visivelmente constrangido, o técnico Dorival Jr. tentou convencer o grupo a participar da ação de caridade. Posteriormente, o Santos informou que os jogadores não entraram no local simplesmente porque não quiseram. Dentro da instituição, os outros jogadores participaram da doação dos 600 ovos, entre eles, Felipe (22a), Edu Dracena (29a), Arouca (23a), Pará (24a) e Wesley (22a), que conversaram e brincaram com as crianças.
Eis que o escritor, conferencista e Pastor (com "P" maiúsculo) ED RENÉ KIVITZ, da Igreja Batista de Água Branca (São Paulo), fez uma análise profunda sobre o ocorrido e escreveu o texto abaixo que tenho o prazer de compartilhar. Jânio Alcântara.
No Brasil, futebol é religião
Por Ed René Kivitz
Os meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa.
Eles não erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles. O mundo religioso é mestre em fazer a cabeça dos outros. Por isso, cada vez mais me convenço que o Cristianismo implica a superação da religião, e cada vez mais me dedico a pensar nas categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião.
A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de cada tradição de fé. A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas e cada uma das tradições de fé. Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno; ou se Deus é a favor ou contra à prática do homossexualismo; ou mesmo se você tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor de Deus, você está discutindo religião.
Quando você começa a discutir se o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião. Quando você fica perguntando se a instituição social é espírita kardecista, evangélica, ou católica, você está discutindo religião. O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância. A religião coloca de um lado os adoradores de Allá, de outro os adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por aí vai.
E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua religião, o que faz com que os outros deixem de existir enquanto outros e se tornem iguais a nós, ou pelo extermínio através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus, com d minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus.
Mas, quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas. E quando você está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz. Os valores espirituais agregam pessoas, aproxima os diferentes, faz com que os discordantes no mundo das crenças se deem as mãos no mundo da busca de
superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero, e inclusive religião.
Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus. Quando você vive no mundo da espiritualidade que a sua religião ensina , ou pelo menos deveria ensinar, você desce do ônibus e dá um ovo de páscoa para uma criança que sofre a tragédia e miséria de uma paralisia mental.

Fonte: O Povo

domingo, 23 de janeiro de 2011

Quem é de axé diz!

Folhas - Ewe

 
 
Sem folhas não há Orisà!
 A função do Amasi é despertar em nós a sua função litúrgica e terapêutica. Na natureza temos os três reinos
o animal, o mineral e o vegetal. Dentre as folhas encontraremos as folhas quentes e frias, as brancas, as vermelhas e as pretas. Tal qual as pintura de Iyawo, branco, vermelho e azul.
Branco – Efun , existência
Vermelho – Osun, realização
Azul – Waji , direçao
Para fazer um Amasi, uso sempre dezesseis tipos de folhas. Sendo dividido em dois grupos, o primeiro grupo pertence as folhas fixas ou folhas de oro, o segundo grupo ser for um Amasi de Orì, uso somente folhas de Orì, se for para um Orisà usarei folhas que pertença a este Orisà. As folhas fixas serão usadas de acordo com a pessoa, se for uma pessoa suscetível ao transe, usaremos as folhas “gun”, exemplo: teteregun, peregun...etc. Se no caso for um Ogan ou uma Ekedji deveremos evitar este tipo de folha. O segundo grupo de folhas será colhido de acordo com a necessidade ou personalidade da pessoa que vai usar o Amasi. Se for uma pessoa muito morosa, usarei folhas mais quentes se for uma pessoa muito agitada usarei folhas mais frias. Buscando assim o seu equilíbrio .Este assunto é muito amplo, posso falar de folhas que irão despertar a sorte, ou o amor, a saúde física ou psicológica.... etc.
Todo Amasi de Orisà deverá ser guardado em recipiente próprio, somente os Amasi de Ori ficarão todos juntos em um único pote de Abo. O Abo de uma casa é que faz todos os membros daquelas comunidades formem um família de Orisà. Portanto quando alguém for iniciar uma nova casa de culto aos Orísà, deverá colher uma muda do Abo da casa de sua família originaria, dando assim continuidade a sua linhagem espiritual.
 
No sistema de classificação dos vegetais, a condição para que uma folha seja masculina ou feminina é o seu formato, pois, na concepção Jeje-nago, a forma fálica (alongada) caracteriza o elemento masculino, em contrapartida, a forma uterina (arredondada) determina o elemento feminino. Essa convenção é adotada, tanto com relação as folhas, quanto aos jogos divinatórios que tiveram origem a partir do oráculo de Ifá, onde, dos dezesseis cauris usados, oito são de forma alongada e considerados masculinos, e os femininos são os oito restantes que possuem forma arredondada. "Por conseguinte, Macho/Fêmea formam um par de oposição básico no que se refere às espécies vegetais, e está diretamente relacionado ao Òrìsà" (Barros 1993:63). As folhas consideradas masculinas estão associadas aos Oboró ( orísà masculinos), bem como as femininas pertencem às Iyábà (orísà femininos); todavia, eventualmente encontraremos algumas folhas femininas associadas aos oborós e algumas masculinas atribuídas às iabas, o que parece refletir uma bipolaridade característica de alguns Orísà.
 Quando utilizamos nos rituais de iniciação ou nos trabalhos litúrgicos, os vegetais classificados como èrò tem a função de abrandar o transe, apaziguar o Orísà ou acalmar o iniciado; contrariamente, os considerados gún servem para facilitar a possessão e excitar o Orísà.
 Dentro de sua complexidade, o sistema de classificação dos vegetais é coerente com a visão de ordenação do mundo; desse modo, os vegetais vão além de suas utilidades práticas, pois "estão diretamente relacionados a uma cosmovisão específica e são constituintes de um modelo que ordena a classifica o universo, definindo a posição do indivíduo na ordem cosmológica" 

Abraço fraterno
Bábà Olúdàré

Maturidade espiritual

 
 
 
A maturidade não tem tempo certo, para uns chega mais cedo para outros nem tanto. Muitas pessoas que iniciadas no culto de Orisà jamais conseguiram alcançar este estado. Entendo que existe varios estágios em nossa vida espiritual, quando chegamos na casa de culto somos chamados de abian(aspirante), depois que somos iniciados no culto passamos a ser chamados de Iyawo (noviço), e com o tempo de obrigações somos chamados de egbon mi (meu mais velho).
Esta maturidade que me refiro, esta relacionada ao diretamente com aprendizado e compreensão do que é o Orisà em sua totalidade.
O Orisà é a natureza divinizada! É a criação de Deus, nada mais e nada menos.
Observo que algumas pessoas sofrem de mais por ter uma visão distorcida de nossa religião. Vivem em busca de algo que nem elas mesmo sabem responder, batem de porta em porta. Escutam o que todos tem para dizer e nunca segue conselho algum. Para esse tipo de gente não existe obrigação certa, sempre ficou faltando alguma coisa... e porai vai.Para pessoa que já atingiu o entendimento, o canto de passaro, um vento que passa sempre quer dizer muita coisa, pois ela sabe que a Natureza tem um forma muito sutil de comunicação.Orisà a gente sente no coração, é sempre uma emoção que nos fala.

E viva os egbon mi clientes!

Abraço fraterno
Bábà Olúdàré

Ewe Étipónlá





A fí pa burúrú,a fí pa burúrú
Etiponlá wa fi pá burúrú
Ita owó, ita omo
Etiponlá wa fi pá burúrú

Nós utilizamos para acabar com as complicações
Etiponlá que nós usamos para acabar com as complicações
A folha de Ita atrai dinheiro, Ita atrai filhos
Etiponlá que nós usamos para acabar com as complicações

Quando cantamos essa cantiga é costume se arrastar as folhas desses ewe no chão da entrada do barracão até a ení do iyawo, para trazer prosperidade e proteção para todos da casa. Também é comum espalhar suas folhas pelo chão do barracão durante o sirè, demonstrando assim a sua importância.

O ewe ítá é uma folha de muita força, utilizada para atrair felicidade e sorte (asé odara), pertencendo a Ossayin e Osun. É uma folha quente, devendo ser usada com cuidado, principalmente pelos filhos do orisá dos Caminhos (Ogun)...

As folhas de étipónlá, assim como o pèrègún (Dracaena fragans) são um ótimo remédio contra feitiços mandados e aproximação de égun. É facilmente encontrada, crescendo espontaneamente em calçadas e vias públicas. Deve ser utilizada em pouca quantidade, pois pode causar ardencia e irritação na pele (coceira). Costuma ser atribuída a dois orixás quentes: Sango e Oyá, sendo em alguns casos também ligada a Ifá.


O homem criou a Religião como uma maneira de louvar as forças criadoras do Universo, da natureza e de si próprio, os seres imortais nos quais ele acreditava profundamente e aos quais deu o nome de Orisa (em yorùbá Ori: cabeça, sá: escolher) : cabeça escolhida, por ser melhor do que as cabeças normais humanas, sendo cabeça também força vital, aquilo de imortal que existe em cada ser humano.
Ao criar a Religião dos Orisa, chamada "Egbe Omo Awo" (comunidade dos filhos do segredo, dos que cultuam o segredo), desenvolveu toda uma ritualística para acompanhá-la, porque a Religião é uma tradição criada pelo homem, uma invenção humana direcionada ao sagrado e ao divino. Partindo do princípio, repudiado por alguns, de que Religião é tradição e tradição é invenção, formas de praticar estes cultos também foram desenvolvidas ao longo do tempo, destes sete mil anos em que Orisa acompanha o homem em sua trajetória pelo planeta Terra.
Foi um inventar paulatino, lento, criterioso, passado e repassado de pai para filho, de mestre para discípulo, uma vez que nossa tradição é oral, e a força da palavra é essencial aos nossos ensinamentos.
O fato de nossa Religião ser basicamente étnica, tribal, iniciática, alicerçada no transe de possessão, muito contribuiu para a beleza e a complexidade dos rituais criados a partir do Ifa, oráculo sagrado yorùbá, conjunto de lendas, poesias e literatura oral que são a base de nossa sabedoria ancestral, nossas "escrituras orais", transmitidas fielmente de geração a geração há sete séculos.
Quando se tem a oportunidade, como temos, de falar com nossos deuses (somos politeístas), o ensinamento flui mais facilmente, o sagrado e o humano interagem a favor de uma maior liberdade na elucubração dos ritos religiosos. Para cada Orisa há rituais próprios, que envolvem suas preferências por cores, alimentos, vestimentas, adornos, ferramentas, colares, animais. Nossa Religião é baseada no "Ebo", oferenda que o homem dá ao Orisa para demonstrar seu apreço e sua adoração. Este "oferecer Ebo" cria também um campo mágico de energia onde pedidos podem ser feitos e obtidos, não apenas um "toma lá ,dá cá" , uma troca grosseira e comercial, mas um presentear, um doar, baseado em amor, respeito e merecimento, que passa pela escolha de destino que cada ser humano faz ao nascer, que reflete a possibilidade que Orisa tem de nos aconselhar e nos guiar no melhor caminho de vida.

Abraço fraterno - Bábà Olúdàré

Onílé - a terra



Onílé teve seu culto preservado na África, mas perdendo muitas das antigas atribuições. Hoje ela representa nossa ligação elemental com o planeta em que vivemos, nossa origem primal. É a base de sustenção da vida, é o nosso mundo material. Embora sua importância seja crucial do ponto de vista da concepção religiosa de universo, os devotos a ela pouco recorrem, pois seu culto não trata de aspectos particulares do mundo e da vida cotidiana, preferindo cada um dirigir-se aos orixás que cuidam desses aspectos específicos. No Brasil, como aconteceu com outros òrìsá, seu culto quase desapareceu. Certamente um fator que contribuiu para o esquecimento de Onilé no Brasil é o fato de que este Òrìsá não se manifesta através do transe ritual, não incorpora, não dança.
Os antigos povos que deram origem aos atuais Nagòs, de cujas tradições se moldou no Brasil, cultuavam uma entidade da Terra, a Terra-Mãe, que recebeu muitas denominações em diferentes aldeias e cidades que formam o complexo cultura.

"A comunicação"



A necessidade do intercâmbio entre povos que partilham um mesmo seguimento religioso é sempre muito importante, por vários fatores.
Nos dias de hoje o candomblé deixou de ser uma religião, onde, as transmissões dos seus preceitos, eram feitas de forma oral e entra na era da comunicação. Temos várias obras escritas que falam de nossa cultura, desde dicionários da língua Yorubá, até teses de mestrado e doutorado, vídeos, programas de televisão que discutem os mais variados temas, incluindo aqueles que para muitos de nós até então seria um tabu falar publicamente.
E com o advento da internet, passamos a encontrar um número grande de pessoas, integrantes das mais diversas comunidades no Brasil, que podem ter uma página, um site ou até mesmo um mega portal falando da sua visão e prática do candomblé.
Isso tudo graças à tecnologia e ao respaldo que as universidades vem dando aos pesquisadores no desenvolvimento de seus estudos.
Surgiram ainda as federações, prestando orientações até mesmo jurídicas a estas comunidades, os centros de estudos que estão resgatando as raízes afro-descendente, os espaços culturais mostrando a arte sacra, e os congressos organizados para que informações e temas possam ser discutidos em grupo, os movimentos da "Raça Negra", mostrando os direitos do afro-descendentes perante uma sociedade.
Isso tudo é o progresso chegando em contra partida a uma cultura primitiva e tribal.
Julgo que a responsabilidade das pessoas que estão à frente de qualquer uma dessas propostas ou instituições citadas acima é sempre muito grande, pois se sentindo á vontade para expor seu ponto de vista, arcará com o peso de suas palavras perante a sociedade.
Voltando ao primitivo e tribal, percebo que as casas tradicionais e ortodoxas têm sempre mais ou menos a mesma linha de seguimento em seus cultos, o que diferencia é apenas uma reza ou uma forma de apresentar uma cantiga na sala, mas, a essência do ritual é sempre preservada.
Descartando todo e qualquer tipo de invencionices, que vez ou outra surge em algumas casas, sabendo se lá, descendente de onde.
Gosto muito de me manter informado, saber quem escreveu o que, e em que tempo, sendo assim saberei a forma de pensar de outros.
Não sou leigo no culto de Orisa, pois fui iniciado dentro de uma das mais tradicionais famílias do candomblé brasileiro, e sempre tive as respostas que busquei, meu Pai sempre me disse ' não responde quem não sabe', a justificativa de que isso ou aquilo é um fundamento que você ainda não tem idade pra saber, é conversa pra boi dormir!
Quando vejo uma matéria em livro, um tema qualquer de discussão em fóruns da internet, ou em roda de bate papo informal, tento entender e expor minha opinião, como a de um iniciado na nação de Ketu. E sei que nas casas tradicionais, como na Casa Branca, Opo Afonja, Gantois e tantas outras, a tradição do culto, continua da mesma forma que foi instituída pelas nossas mães ancestrais, que trouxeram o culto da Nigéria. A diferença de uma casa pra outra quase não existe, pois Orisa é aqui, ali e acolá, os rituais são sempre parecidos.
Sabemos ainda que nos dias de hoje o sincretismo dentro do culto já está quase banido, é raro ouvirmos que alguém ainda acredita nessa agressão   que durante anos foi imposta ao povo de cultura Yorubá.
Graças a Constituição Federal, temos a liberdade de expressão e culto, estamos livre do pecado, da quaresma, páscoa, natal e dos costumes Cristãos.
Temos nossos tabus, nossas festas, nossa visão de criação do mundo e ser humano, e quando nasce uma criança podemos celebrar o seu Ikomojade, com a maior alegria, pois estaremos louvando as bênçãos da criação de Olodumare.
Precisamos mostrar a sociedade o quanto nossa cultura e religião são ricas, em nossas atitudes e conduta, usando esses meios de comunicação da forma mais digna, sem rótulos, amarras ou mentiras. Acho que não devemos publicar em sites, livros ou revistas, assuntos que deveriam ficar restritas as comunidades, pois fundamentos da religião, e muitas outras coisas devem ser aprendidos dentro da casa de Asè e não na internet ou bancas de jornal.
Infeliz daquela pessoa que conquista os maus olhos do Orísà!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Édùn arà

 Édùn arà
 Machado de trovão
 Pedra de raio

Representação do Órísà Şàngó
Elemento sagrado do assentamento desta divindade.


Xangô (do iorubá Şàngó) teria sido, enquanto personagem histórico, o quarto Alafim (soberano) de Oyó. Era filho de Oraniã e de Torossí, filha de Elempê, rei dos tapás, que firmara uma aliança com Oraniã. Xangô cresceu no país de sua mãe indo se instalar, mais tarde, em Kòso (Kossô), onde os habitantes não o aceitaram por causa de seu caráter violento e imperioso; mas ele conseguiu, finalmente, impor-se pela força. Em seguida, acompanhado pelo seu povo, dirigiu-se para Oyó, onde estabeleceu um bairro que recebeu o nome de Kossô. Conservou, assim, seu título de Ọba Kòso que, com o passar do tempo, veio a fazer parte de seus orikis (louvores).

domingo, 16 de janeiro de 2011

Olóògunedè


Menino caçador
Flecha no mato bravio
Menino pescador
Pedra no fundo do rio

Coroa reluzente
Todo ouro sobre azul
Menino onipotente
Meio Oxóssi, meio Oxum

Menino caçador
Flecha no mato bravio
Menino pescador
Pedra no fundo do rio

Coroa reluzente
Todo ouro sobre azul
Menino onipotente
Meio Oxóssi, meio Oxum

Eh..., quem é que ele é?
Ah..., onde é que ele está?
Axé, menino,axé!
Fara Logun, Fara Logun, Fá
Axé, menino,axé!
Fara Logun, Fara Logun, Fá

Menino, meu amor
Minha mãe, meu pai, meu filho
Toma teu axoxô
Teu onjé de coco e milho

Me dá do teu axé
Que eu te dou teu mulucum
Menino, doce mel
Meio Oxóssi, meio Oxum

Abraço



Você sabia que um abraço pode significar muito?
Pode revelar o que você sente pela pessoa que abraça ou até mesmo como você se expressa.
Aprendi que existem três tipos de abraços:
O abraço de urso: aquele que você abraça de frente, bem apertado, o abraço de canguru: aquele que você abraça de frente mas nem toca (mantém uma certa distância), o abraço de lado...
é esse mesmo, tipo tapinha nas costas.
Que tipo de abraço você dá? Você abraça ou sempre espera ser abraçado? Que tipo de
abraço você tem recebido?
Um abraço pode significar... "Tenho saudades", ou então
"Vou me lembrar de você".
Pode também querer dizer: "Você é muito especial", ou, melhor ainda: "Eu amo você..."
Um abraço pode muitas coisas... amenizar uma dor, acalmar um receio, alegrar a gente, afastar
a tristeza...
Parece um milagre, todas as coisas que um simples abraço pode fazer!
Apenas um abracinho e um sorriso para dizer:
"Força!". Para você ter a certeza de que há alguém bem perto que se importa com você!


Grande abraço do Bábà Olúdàré

O Terreiro

 
O terreiro, ou casa-de-santo, é simultaneamente templo e morada. A vida cotidiana dos mortais mistura-se com os rituais dos orixás. A família-de-santo, (a mãe ou pai e os filhos-de-santo, não necessariamente parentes de sangue) divide os cômodos com os deuses.
A divisão do espaço, na Casa Branca, em Salvador, lembra os "compounds" africanos, ou egbes - antigas habitações coletivas dos clãs, usadas principalmente pelos povos de língua iorubá (veja ilustração abaixo). O cômodo principal é o barracão, o salão onde humanos e santos se encontram nas festas.
Por trás do barracão, há várias instalações comuns a uma residência: salas de jantar e de estar, cozinha e quartos - nem todos destinados aos mortais. Há os quartos-de-santo, onde ficam os pejis (altares) e os assentamentos (objetos e símbolos) dos orixás. Aí são feitas as oferendas. Na Casa Branca, os dois únicos orixás que têm quartos dentro da casa são Xangô e Oxalá.
O roncó é um quarto especial onde os abiãs (noviços) ficam recolhidos durante o processo de iniciação. Essa proximidade dos abiãs com os outros membros do terreiro é fundamental: é assim que os iniciados entram em contato com os procedimentos rituais da casa. O fiél do candomblé aprende com os olhos e os ouvidos. Ele deve prestar atenção a tudo e não perguntar nada.
Os terreiros têm também uma área externa, onde estão as casas dos outros orixás. A de Exu, por exemplo, fica perto da porta de entrada.
São nove horas da noite. Os tocadores de atabaque, chamados alabês, estão a postos em seus lugares. O público - cerca de 40 pessoas - aguarda em silêncio, acomodado em bancos rústicos de madeira. Os homens, na fileira à direita da porta. As mulheres, do lado esquerdo. Separados, para evitar um eventual namoro. Afinal, ali não é lugar para isso. Estamos num templo do candomblé, a Casa Branca, em Salvador, Bahia, o pioneiro do Brasil, fundado em 1830. A festa (que pode ser comparada a uma missa católica) vai homenagear Xangô, o deus do fogo e do trovão.
O barracão foi decorado durante toda a tarde. O teto de telha-vã foi escondido por bandeirolas brancas e vermelhas - as cores de Xangô. As paredes estão enfeitadas de flores e folhas de palmeira de dendê desfiadas. Vai começar o toque, como é chamada a festa de candomblé no Brasil. Ela é aberta a todos os orixás (deuses, que também podem ser chamados de santos) que quiserem homenagear Xangô.
O que o público vai assistir é parte de um ritual que começou horas antes. Na madrugada, os filhos-de-santo fizeram o sacrifício para o orixá homenageado. Nas primeiras horas da manhã, as filhas-de-santo prepararam a comida. Durante a tarde, foi feita a oferenda aos deuses, e Exu, o mensageiro entre os homens e os orixás, foi despachado.
ANTES, O RITUAL SECRETO DE PREPARO
A preparação da festa é fechada ao público. Somente os membros da comunidade de santo, ou seja, do terreiro; podem participar dela. Essa parte do ritual começa na madrugada anterior e dura o dia inteiro.
O TOQUE
É o mesmo, que festa e se refere à batida dos atabaques, que convoca os orixás. A estrutura da cerimônia, chamada "ordem do xirê" (brincadeira, na lingua iorubá), divide a festa em três partes. A primeira acontece à tarde, com o sacrifíco, a oferenda e o padê de Exu. A segunda é a festa em si, à noite, na presença do público, quando os filhos-de-santo "incorporam" os orixás. E a terceira fase, o encerramento, com a roda de Oxalá, o deus criador do homem.
Acontece apenas diante dos membros da comunidade de santo e envolve no mínimo dois animais; um, de duas patas, para Exu, e outro, de quatro patas, macho ou fêmea, dependendo do sexo do orixá a ser homenageado.
Quem realiza o sacrifício é o ogã axogum, um iniciado no candomblé especialmente preparado para isso. Os bichos são mortos com um golpe na nuca. Depois, a cabeça e os membros são cortados fora e o animal sacrificado vai sangrar até a última gota antes de ser destinado à oferenda.
Depois do sacrifício, a moela, o figado, o coração, os pés, as asas e a cabeça são separados e oferecidos ao orixá homenageado num vaso de barro, chamado alguidar. O sangue, recolhido numa quartinha de cerâmica (espécie de moringa), é derramado sobre o assentamento do santo, ou seja, o local onde ficam seus objetos e símbolos. As partes restantes são destinadas ao jantar oferecido aos orixás, ainda à tarde, e aos participantes, ao final da festa pública, à noite.
Este é também um ritual fechado ao público. Significa despacho de Exu. É ele quem faz a ponte entre o mundo natural e o sobrenatural. Portanto, é ele quem convoca os orixás para a festa dos humanos. Para isso, é preciso agradá-lo, oferecendo comida (farofa com dendê, feijão ou inhame) e bebida (água, cachaça ou mel). As oferendas são levadas para fora do barracão e a porta de entrada é batizada com a bebida, já que Exu é o guardião da entrada e das encruzilhadas (por isso é comum ver oferendas em esquinas nas ruas e em encruzilhadas nas estradas).

Recebi este texto em formato de e-mail,autor desconhecido.

Abraço fraterno
Olúdàré

Peregun



“Peregun”, a sorte de nossos opositores ficam a nosso favor.
Uma das folhas mais antigas é o “Peregun”, que é utilizada na grande maioria dos rituais ao Orixá.
Diz o mito:
“Peregun” presenciou o crescimento da humanidade.
Sempre há de nos trazer a sorte.
“Peregun” segura nossa sorte como “Asa” segura a sua presa no dia de caça...
E assim... alimenta os seus filhos.
“Peregun” nos protege de nossos opositores...
E faz com que nos harmonizemos com os nossos semelhantes...
“Peregun” fez pacto com “Aje” para a sua vinda à “Aye”...
Ifá dissera, quando “Peregun” procurava pela sorte: “Peregun" , se você quiser ter sorte, deverá ajudar a humanidade, fazendo um pacto com “Aje”, para poder sempre ter e poder emanar sorte, para quem lhe procurar por sua ajuda.
Foi então, que “Peregun” tinha feito pacto com “Aje” antes de vir ao mundo, mas não tinha quem o pudesse levar para “Aye”.
Novamente foi a Ifá, e este dissera: “Peregun” se você quiser realizar o seu trabalho em “Aye” procure por “Ògun” pois ele sempre está indo para “Aye”.
“Peregun” procurou por “Ògun”, mas ele só levaria “Peregun”, se ele dividisse a sua sorte com ele.
Foi então que “Peregun” tinha aceitado, e por essa razão “Ògun” lhe dissera: “Vou dizer a toda humanidade, que “Peregun” emana a sorte, e quem com ele ficar será agraciado com a mesma”.
Desde então “Peregun” foi conhecido, e muito procurado por todos em “Aye”.

Ética

 
 
 
Ética nas Religiões Afro Brasileiras.
Temos que ter muito claro que para falarmos de ética dentro de uma determinada religião o primeiro impulso que devemos ter é de fazermos uma separação entre o que se entende por bem e mal. Ao falarmos da religião de Umbanda e das religiões Afro-brasileiras ou afro-descendentes como preferem alguns, não podemos nos envolver com conceitos cristãos de pecado, haja visto não fazer parte de nosso universo religioso.

Estas religiões, desde que existem, têm normas que lhes norteiam mas que nem sempre são do conhecimento e observância de seus sacerdotes, pois cada Babalorixá /Iyalorixá ou Dirigente Espiritual cuida de colocar suas próprias normas dentro de suas Casas. Isto ocorre até porque não temos um único Mandatário Supremo, todos são supremos em seus Axés. Porém, isto não impossibilita que todos se unam para zelar pelos "Códigos de Ética" que sempre existiram, muito embora a idéia é que só agora estamos criando essas normas.

Ocorre que para isto todos somos chamados a observar e cumprir com essas posturas, passarmos para nossos filhos e simpatizantes aí já estaremos ajudando e muito para que a religião tenha seu lugar de respeito e credibilidade. Como disse, tenta-se por no papel aquilo que na prática já existe e só precisa ser observado.

Vejamos pois que normas, que códigos devemos observar:
1. É imperativo que dentro da Umbanda e dos Cultos Afro-brasileiros, todos estejam preocupados em manter a tradição religiosa e cultural de seu grupo, sem misturas e enxertos, sem junções e adições absurdas e desastrosas e que estas mesmas religiões deixem de se preocupar apenas com a parte litúrgica, para também se dedicarem ao bem-estar das pessoas, da comunidade como um todo, do país, do mundo, e também que esteja sempre presente a preocupação na preservação do meio ambiente, lembrando que somos uma religião ecológica por excelência.

2. Precisamos aprender a respeitar a nação do outro, pois todos os segmentos têm origem em comum na Mãe África, cultuam Orixá, Vodun, Nkissi, Bacuro, Encantados e Guias que são muito queridos e amados por seus adeptos. O desrespeito à liturgia e ao ritual de cada um incorre num grande mal para toda a comunidade afro-brasileira.

3. Precisamos ter respeito com os mais velhos, com os Agba da religião, com nossos ancestrais. Vê-se hoje em dia pessoas novas chamando a atenção e querendo ensinar os mais antigos. Se os mais velhos não souberem nada, o que diremos dos novos? Pensamos que se precisa de entendimento e muito diálogo entre as gerações a fim de se tirar o melhor proveito. Mas tudo com seriedade e dignidade.
4. Em todos os grandes eventos (Congressos, Seminários, Encontros etc.), deve-se ter um Cerimonial adequado para se ver "quem é quem", dando-se as devidas precedências e evitando-se constrangimentos ao se destacar, por exemplo, um filho em detrimento de seu pai. É anti ético.

5. Nas festas religiosas (Toques), devemos nos preocupar com nossos convidados e dar-lhes a atenção devida, também fazendo com que todo o Egbé saiba se portar e respeitar. É desagradável chegarmos a lugares onde muitos torcem a cara e ignoram aqueles que com carinho ali estão para prestigiar e participar.

Urge que conversemos com nossos Sacerdotes e adeptos para que não confondam religião com "questões sexuais". Graças à Avievodum, Olodumare, Zambiapongo, temos uma religião liberal que não nos castra. Entretanto, muitos aproveitam-se de seus cargos e postos para desfilarem frustrações sexuais e travestirem nossa Religião colocando-nos em descrédito perante às autoridades e à própria sociedade; Devemos lutar pela união sincera e verdadeira das pessoas interessadas na preservação dos nossos segmentos religiosos. A discórdia, a desunião, a intriga só enfraquece a própria religião. Cada um deve fazer sua parte, com critérios, com seriedade, com dignidade. Não devemos nos ver como concorrentes mas como membros unidos de um mesmo corpo. Precisamos acabar com a idéia de que um é melhor que o outro.
Para nossos Deuses somos todos iguais. Será, por exemplo, que meu Vodum Toy Azonce só gosta de mim e não gostará de outros seus filhos? Será que Odé, Oxósse, Águè só ama um filho e esquece os outros? Não, certamente que não, o problema é individual, é pessoal, é falta de boa formação, de bom berço; Vamos lutar para que os Congressos sejam fórum de grandes decisões, de momentos de verdadeiras reflexões, de congraçamentos, de bons e felizes reencontros e não que deixemos nossos lares para nos virmos nos degladiar.

Não devemos confundir pontos de vista diferentes com geração de ódio. Isso não é ético; Vamos valorizar com toda sinceridade as diferentes formas tradicionais dos cultos afros. Lutemos por uma união e não por uma unidade. Daí o lema da INTECAB que é a "união na diversidade"; Resgatemos a língua de cada culto e devemos usar nossos títulos corretamente. Jamais deve-se estimular o absurdo, a invencionice, títulos inadequados. Por exemplo: não é ético chamarmos uma Sacerdotisa de Umbanda de Iyalorixá pois esta não foi iniciada e nem inicia ninguém. Seu grande valor está em ser uma Dirigente Espiritual, uma digna Babá de Umbanda sem nenhum demérito de seu potencial espiritual e material; Todos temos o dever de recusar a efetivação de rituais religiosos que firam sua tradição de origem e sejam contrários aos ditames de sua consciência; É de suma importância zelar pela dignidade da tradição e cultura Afro-brasileira em todos os seus níveis de desdobramentos, sendo este o papel preponderante de todos os verdadeiros Sacerdotes; Somos todos tradicionalistas: da Umbanda, do Kêtú, do Mina Jêje, do Ifon, da Angola, do Jêje Mahi, do Omolocô, do Nagô Egbá, do Alakêtú, do Mina Nagô, da Encantaria, da Tradição de Orixá ou do Fanti-Ashanti, desde que sigamos nossos rituais e costumes legados por nossos antepassados. Esta é uma postura ética que precisa ser levada em conta; A exploração que alguns sacerdotes fazem com seus filhos é imoral, antes de ser ética, e precisa de grandes reflexões.
Tenta-se criar a idéia de que quanto mais dinheiro, mais axé, e assim torna-se comércio. Cobrar "salva" ou chão" é entendido como axé, mas exploração é caso de polícia; Outro tema polêmico e delicado diz respeito a quebra de tabus religiosos, incluindo-se nestes os relacionamentos sexuais entre pais e filhos de uma mesma casa. Comete-se o incesto; Finalizamos abordando a questão do "Jogo de Búzios" antes exercido somente por grandes e sábios sacerdotes e sacerdotisas, de forma extremamente sagrada, e hoje feito em praças públicas, viadutos, feiras esotéricas, shoppings, sem falar no "disque búzios" e "0900", que tanto entristecem os tradicionalistas.


Texto de Toy Francelino de Shapanan

A Canção

Quando uma mulher, de certa tribo da África, sabe que está grávida, segue para a selva com outras mulheres e juntas rezam e meditam até que aparece a "canção da criança".

Quando nasce a criança, a comunidade se junta e lhe cantam a sua canção.

Logo, quando a criança começa sua educação, o povo se junta e lhe cantam sua canção.

Quando se torna adulto, a gente se junta novamente e canta.

Quando chega o momento do seu casamento, a pessoa escuta a sua canção.

Finalmente, quando sua alma está para ir-se deste mundo, a família e amigos aproximam-se e, assim como em seu nascimento, cantam a sua canção para acompanhá-lo na "viagem".

"Nesta tribo da África há outra ocasião na qual os homens cantam a canção.

Se em algum momento da vida a pessoa comete um crime ou um ato social aberrante, levam-no até o centro do povoado e a gente da comunidade forma um círculo ao seu redor.

Então lhe cantam a canção".

"A tribo reconhece que a correção para as condutas anti-sociais não é o castigo, é o amor e a lembrança de sua verdadeira identidade.

Quando reconhecemos nossa própria canção, já não temos desejos nem necessidade de prejudicar ninguém.

Teus amigos conhecem a "tua canção" e a cantam quando a esqueces.

Aqueles que te amam não podem ser enganados pelos erros que cometes ou as escuras imagens que mostras aos demais.

Eles recordam tua beleza quando te sentes feio; tua totalidade quando estás quebrado; tua inocência quando te sentes culpado e teu propósito quando estás confuso.

Oriki Obaluaiye

Orìsà Jìngbìnì
Orixá forte
Abàtà, Arú Bí Ewè Ajó
Abatá que floresce exuberante como as folhas da árvore ajó
Orisá Tí Nmú Omo Mú Ìyá
Orixá que pune a mãe juntamente com o filho
Bí Obaluayê Bá Mú Won Tún
Depois que Obaluaê acabar de castigá-los
O Tún Lè Sáré Lo Bábá
Ainda poderá castigar o pai
Orìsà Bí Àjé
Orixá semelhante a uma feiticeira
Obaluayê mo Ilé Osó, Ó Mo Ilé Àjé
Obaluaê conhece tanto a casa do feiticeiro como a da bruxa
O Gbá Osó L'Ójú,
Desafiou o feiticeiro
Osó Kún Fínrínfínrín
E este correu desesperado
O Pa Àjé Ku Ìkan Soso
Matou todas as bruxas permitindo que apenas uma vivesse
Orìsà Jìngbìnì
Orixá forte
Obaluayê A Mú Ni Toùn Toùn
Obaluaê, que faz as pessoas perderem a voz
Obaluayê SSí Odù Re Hàn Mí
Obaluaê, abra seu odu para mim
Kí Ndi Olówó
Para que eu seja uma pessoa próspera
Kí Ndi Olomo
Para que eu seja uma pessoa fértil.

Ser negro

 

 

Ser negro

Ser negro para mim:
Não é apenas ter a cor mas sim indentificar-me com a cultura negra
É sentir um arrepio quando escuto o som do tambor no ritmo de ijexa
Uma vontade sem tamanho de dançar ao som dos tambores
Ouvir uma palavra nagô e entender seu sentido mais amplo... axé
Comer um acarajé e dizer que é o manjar dos deuses africanos
É ser chamado para lutar capoeira quando ouço o birimbal no toque Angola regional
É ter o sonho de um dia conhecer a Africa
É torcer pela Africa em todos os eventos onde ela aparece
É sentir-me ofendido mesmo quando os insultos racistas não forem para mim
E acima de tudo não esconder-me atras de adjetivos como moreno ou mulato mas sim ter orgulho de ser chamado: NEGRO
Muito Axé !!!

Grande abraço Olúdàré

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Conto


Anoitece. A lua, iniciando seutrajeto pelo céu, perfurava as trevas, com sua luz prateada, liberandosua energia sobre a terra.
Os animais noctívagos, começavam a acordar e se dirigiam para a savana e para os bosques, a procura de caça.
No céu, as corujas e morcegos começavam suas rondas.
Aoredor de uma fogueira, todos os jovens da aldeia, aguardavam a chegadado velho Makúràyé, para dele receberam estórias, ensinamentos e muitasaventuras.
O velhochega, senta-se em seu toco preferido, enche o seu velho cachimbo,negro pelo uso, com tabaco e ervas, que somente ele sabia quais,arruma-se, acomoda-se, levando um tempo que, para os jovens ativos, erainterminável.
Limpaa garganta com um pigarro profundo e, quando começa a falar, descesobre o grupo reunido um silencio tão pesado quanto ao da morte.
• ”Nas manhãs da existência do homem em Ayè, quando necessitavam secomunicar com os Orisà, os kadiiala invocavam Legbarà, que prontamentesurgia para saber o que eles queriam...
• Oh Èbora Divino, Mensageiro dos Orisà! Nós servos dos Senhores doMundo, humildemente imploramos ao Nosso Pai Omolu, que perdoe as faltasdo pequeno Apotakiè, e oferecemos ao Nosso Grande Pai, um cesto dedoburù com coco, uma cabaça de emu, uma cabaça de dendem, uma cabaça decom tabaco e mel e uma bandeja de frutas, conforme prescreveu Ifà.Imploramos, oh Pai, cura-o! Ajuda-nos Pai! 
E, incontinente, Legbarà, partia para Orum, levando a mensagem...
Nocaminho, Legbarà, encontrava ricos campos com bananeiras carregadas defrutos amarelinhos, pinhas, mangas, sapotis, cajás e outras frutasdivinas.
Parava para comer e saciar sua fome.
Mais adiante, encontrava palmas sumosas.
Parava para retirar sua seiva, destilá-la e matar a sua sede com o doce emu.
E, assim, a viagem prosseguia, de parada em parada, até a mensagem chegar a seu destinatário.
Infelizmente, quando o Pai Omolu, recebeu a notícia, era tarde demais. Eku chegara primeiro...
Os homens, então, choravam e lamentavam:
•  Teriam os Orisà nos abandonado? 
Orisala, na sua grande sabedoria, convocou uma reunião entre os homens e os Orisà, assim que ouviu as lamúrias.
Ela se realizou na fronteira entre Orum e Ayè.
Sorokérecebeu instruções para guardar, com seu exército, o perímetro em tornoda reunião, contra os seres que só sabem perturbar.
Oshomens escolheram o mais sábio dos babalawó, dois babalorisà e umaiyalorisà (para que as Iyabàs não se ofendessem) como representantes.
Todos os Orisà estavam presentes.
Orisà Olufon, o mais velho, presidia a reunião.
Seria sempre o último a falar e seu voto seria o de “Minerva”.
Sangó e Nànà, seriam os mediadores, para evitar perda de tempo com assuntos supérfluos.
E a palavra foi dada aos homens, o babalawô, foi o primeiro a falar:
• Nós Os louvamos e adoramos. Nós Lhes damos oferendas. De nossa caça, aparte melhor, de nossas colheitas, as melhores frutas e frutos,procuramos nas matas, com a licença de Ossaym, as ervas da preferênciados Senhores, e Senhoras, tudo, dentro do que Ifá nos transmite dosdesejos dos Senhores, e Senhoras, nós fazemos e, mesmo assim, nãoobtemos respostas às nossas súplicas. Seguimos os preceitos ensinadospelos ancestrais e, mesmo assim, nada conseguimos... Aos antigos,bastavam cruzar a fronteira onde ora nos reunimos, para encontrar efalar com nossos Pais. 
Solene, Orisà Olufon interveio:
•  Separai-nos pois não mereceram nossa confiança...
•  Foi justa a separação - disse Sangó - mas também é justa a reclamação... 
Intempestivamente Ógùn fala:
•  Porque da demora em solicitar nossa ajuda? 
Prostrando-se ao chão, Mgbògun, um dos babalorisà, exclama:
•  Não Pai! No caso de Apotakiè solicitamos a benécie do Pai Omolu assim que a febre se manifestou...
•  Mas, quando fui avisado, - disse Omolu - Eku já havia passado por lá... 
Oríketúzarà Katendé, descendo do Iróko, disse:
• Nem o homem demorou a pedir indulgência, nem o Orisà Ademimonazambidemorou a chegar. A notícia é que demorou muito tempo para sair de Ayèe chegar a Orum. 
E Ógùn foi chamar Soroké.
Soroké argüiu Legbarà.
Legbarà se defendeu:
• O caminho é longo, sede e fome nos alcançam entre Ayè e Orum,precisamos repor nossas forças para viajar entre os espaços, precisamoscomer e beber.
•  Precisamos ver isso... - Falou pensativamente Orisà Oguian.
•  Sim, Legbarà precisa de energia. - Concordou Osun.
•  Que seja feita a justiça! - Completou Sangó. 
Orisà Olufon, erguendo seu opasoró, proferiu a sentença:
• Que Legbarà, para ter energia para suas viagens, receba, sempre, emtodos os tempos, de agora e para o futuro, sua bebida e comidapreferidas, antes de qualquer outro. Que sejam abertos a noite, o dia,as festas, as saudações e tudo o mais com oferendas aos nossosmensageiros, para que, rapidamente, saibamos o que acontece em Ayè.Gravado ficará em Loko e nos planos de meu Opasoró, e para sempre assimserá feito...
•  E hoje, sempre que invocamos o asè de nossos Pais, seja porque motivo for, primeiro damos de comer e beber aos Divinos Mensageiros, para que Eles possam viajar entre os espaços, rápidos como a luz do Pai Maior,sem interrupções, para que possamos receber, quando merecemos, a ajudade nossos Orisà...”

ORIKI OGUN



OGUN LAKAIYE OSIN IMOLE
OGUN, SENHOR DO MUNDO TRABALHA BRILHANTEMENTE
OGUN ALADA MEJI
OGUN DE DUAS ESPADAS
OFI OKAN SANKO
ELE USA UMA FOICE
OFI OKAN YENA
ELE USA UM ANCINHO
OJO OGUN NTI ORI OKEBO
UM DIA OGUN DESCENDO DO MORRO
ASO INÃ LO UM BORA
ELE SE ENROLOU NUMA ROUPA DE FOGO
EWU EJE L’OWO
E NUMA ROUPA DE SANGUE
OGUN ONILE OWO OLO NA OLA
OGUN É O DONO DA CASA, DO DINHEIRO, DA ESTRADA
OGUN ONILE KONGUN KONGUN ORUN
OGUN É O DONO DE MUITAS COISAS NO CÉU
OPON ONI SILE FI EJE WE
ELE TEM EM ÁGUA EM CASA, MAS PREFERE TOMAR BANHO DE SANGUE
OGUN AWO LE YINJU
OGUN GOSTA DE MULHERES BONITAS
EGBE LEHIN OMÓ KAN
ELE SOME COM AS PESSOAS QUE NÃO O RESPEITAM
OGUN MEJE LOGUN MI
OGUN SE DIVIDE EM SETE, MEU OGUN SÃO SETE

Ifá nos informa que o homem descobriu o ferro, sem forma, no meio ambiente, e a partir deste momento conheceu o Orisà Ògún. Nessa analogia percebemos a estreita ligação entre Ògún e o homem. Quando isso aconteceu Ògún passou a receber considerações de um grande Imole (Orisa), de tal forma que permitiu uma comunicação profunda entre o homem e o ferro em meio a natureza, considerando tudo que é possível fazer com o ferro. Assim, simultaneamente, conhecendo o aparecimento do ferro, conhecemos o Orisà Ògún com todos os seus atributos associados primeiro ao ferro sem forma, frio, inflexível, imóvel. Mas a partir desta descoberta com a relação do homem com Ògun através do elemento ferro, com essa afinidade obtida é que cabe a Ògún, como qualquer outro Orisa, manter a harmonia em seus limites, mas essa harmonização só é possível ser aplicada pelo homem no exato momento em que ele entra em contato com a terra, toca o ferro e etc... Pois bem, após conhecer a natureza ou característica de Ògún, no ferro, precisamos também conhecer bem as suas diferentes manifestações extraídas do mesmo. Assim, no primeiro nível Ògún se dá como um Ebora, possuindo forma animal expandindo na natureza sua essência na forma espiritual. Só no segundo nível que Ògún surge exercendo forma e característica humana, as quais possibilitam o domínio da forja, o domínio do campo, domínio da agricultura, dos bosques, e principalmente o domínio da guerra e da caça, ou seja, conquista do espaço e subsistência. Assim nitidamente podemos ver que quando cultuamos Ògún em seu assentamento, FERROS SEM FORMA, estamos na verdade cultuando a sua forma primacial que é sobrenatural e irracional de "Èbòrá", um ser ou força totalmente desprovido de forma e compreensão humana.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Boori - oferenda a cebeça fisica e ao destino


Chega o filho de santo na casa do pai de santo desconsolado , cheio de problemas. Então o pai de santo recorre ao jogo de búzios e descobre que esse filho tem problemas de Òrìsà e que esse filho tem que tomar Boori. Essa é uma das possibilidades que pode trazer uma pessoa as conseqüências de um Boori.

Dá-se os egbos necessários para a purificação do corpo do agora chamado abyian, 1, 2, 3, 4, 5 egbos ou mais, ou menos, depende do caso, ou seja, o que for pedido no jogo. Coloca-se o filho recolhido numa eni (esteira sobreposta em folhas) depois de passar por banhos de ervas. Inicia-se então os preparativos para os atos. Confere-se para que tudo esteja correto, para nada faltar no exato momento.

Entoam-se rezas de roncó (quarto de recolhimento), rezas de Òrìsà e rezas de Òrìsà Ori. Coloca-se um filho escolhido pelo pai de santo virado de costas para o abyian, com costas e cabeças encostadas uma na outra. Na cabeceira da eni estará disposto oferendas aos Òrìsàs ligados à Ori, como Osaala, Yemanja, Osun. Também ao Òrìsà que rege a cabeça do abyian. Dispostos estão também dois pratos brancos, uma quartinha branca, dois obis, uma tigela de louça branca, o okuta, um pedaço de coral branco, panos de cabeça, velas brancas, um frango branco, uma galinha de angola branca, um peixe de preferência vivo e um pombo branco, o obe (faca cerimonial), ikan (cordas feitas de palha da costa), folhas de odundun, entre outros...

Aqueles que esperam encontrar os fundamentos realizados neste ato, esqueçam! Pois sou contra aqueles que saem de dentro do culto contando tudo o que se passa, preste atenção e reflita sobre este provérbio Yorubá: "Ògbèri Nko Mo Màrìwò" (O não iniciado não pode conhecer o mistério do Màrìwò)

Terminado todos os atos, canta-se cantigas de louvores ao grande Òrisà Ori como por exemplo:

O pere o ori o, ori ke. Eda mi ori ke , oro o ori o lese orisa.

(Traga-me coisas boas cabeça. Minha cabeça grita, minha cabeça aos pés do Orisa)
Ani soke. Ori bo aiye.

(Nós nos regozijamos. A cabeça entrou no mundo)

ou

Ma je mi seku o, ori o.

(não permita que eu faça a minha morte minha cabeça)

Pois ali nasceu mais uma cabeça, graças a Deus.

Pede-se que este abyian seja uma pessoa temente aos preceitos do culto, seja responsável nos seus atos, tenha respeito com sua casa de axé e deseja-lhe muita felicidade na vida, que seus negócios sejam abençoados, que nunca lhe falte a saúde entre outras coisas do gênero.

Alí o abyian ficará por três dias descansando e refletindo sobre tudo o que foi feito e o que foi dito. Depois que se passou este prazo o novo cidadão volta para sua vida normal mas com seus objetivos e perspectivas completamente modificados, cumprirá seus preceitos e se ele será, a partir dali um adepto de Candomblé ou não caberá apenas à ele esta decisão pois o Boori não é aplicado apenas aos adeptos.

Òrìsà Ori não é como os outros Òrìsàs, ele deve ser tratado separadamente, não adianta um filho estar com seu santo satisfeito se seus Booris estão atrasados, por isso usamos de dar sempre Boori antes das obrigações. Um Boori bem feito pode resolver até pequenos problemas de Òrìsà.

ATÈ ÁMÚLÚ´S.

As combinaçãoes ordenadas dos 16(dezesseis)ÓDÚ originais ou principais entre si geram 240(duzentos e quarenta)configurações oraculares.
Estas combinações indicam a junção de 2(dois)ÓDÚ(destinos)que ,ao se combinarem harmoniosamente,recebe o nome ÁMÚLÚ´S.
As combinações adicionam positividade e negatividade á vida das pessoas nascidas sob suas regências.
Essa junções tanto enriquecem quanto empobrecem e invalidam algumas características individuais dos ÓDÚ ,quanto da combinaçaõ entre si.Sendo que á combinação dos destinos acontece quando da senda a ser trilhada na terra pelo ser humano.
O tratado de ÍFÁ nos ensina que devemos pronunciar claramente diante de ÓRÚNMÍLÁ os desejos veementes da nossa vida.Tais anseios e convicções são chamados pelos YORUBÁS de ÃYÚN(desejo veemente) ou ÁGBÁRA ÉKUKÁKÁ TÕTÓ(força verdadeiramente pura e positiva).
O desejo é o componente fundamental que encaminhará os nascidos dentro das junções a trilharem a senda que os fará felizes ou não.
Segundo o tratado de ÍFÁ, o ser humano nasce com sua própria individualidade ÓDÚ LÉYOLÉYO,todavia,tão logo nasça,defronta-se com vários obstáculos.
Contudo,deve seguir sua vontade instinta , não esquecendo de estudar em prol dos objetivos,de solidificar-se social e finaceiramente e , acima de tudo, deixar a alegria de viver em ascensãonevitando desta forma que o mal-estar,os sentimentos insanos, a insatisfação e a impotência controlem a caminhada dele pela terra.

Odùduwà chegando ao Àiyé, cria tudo o que era necessário e delega poderes às divindades que o seguiram, conhecidos como os Àgbà*, para governarem a criação, e volta ao Òrún, e só retornaria quando tudo estivesse realmente concluído. Òrìsànlá, que tinha ficado no Òrún com seus seguidores, já tinha moldado corpos suficientes para povoar o inicio do mundo, vai então para o Àiyé, com seus seguidores, os Funfun*; fato que ocorre antes da volta de Odùduwà para o Àiyé. *Anexos.

Quando Olófin Odùduwà retorna ao Àiyé, funda a cidade de Ilê-Ifé, e vem a ser o primeiro Oba (rei) do povo yorubano com o titulo de "Oba Óòni", ou seja, o primeiro Óòni de Ifé, e a cidade se torna a morada dos deuses e dos novos seres.

Durante todo este tempo, Odùduwà que já estava casado com Ìyá Olóòkun, divindade feminina, responsável e dona dos mares, tem dois filhos, o primogênito, a divindade Ògún e uma filha de nome Ìsèdélè. O tempo passa, e Odùduwà, que era uma divindade negra, porém albina, incumbe seu filho Ògún de ir para a aldeia de Ògòtún, vizinha de Ifé, conter uma rebelião.

Ògún, divindade negra, senhor do ferro, parte para sua missão e realiza o intento, trazendo consigo Lakanje, filha do rebelde vencido. Ora, Lakanje era espólio de Odùduwà, o Óòni de lfé, portanto intocável, mas Lakanje era muito bela e extremamente sensual e Ògún não resistiu aos seus encantos e com ela teve várias noites de amor, durante sua viagem de volta. Chegando a lfé, ele entrega os espólios da conquista, inclusive Lakanje, a seu pai Odùduwà, que também não resistiu aos lindos encantos da mortal Lakanje e por ela se apaixona e acabaram por casar-se. Ògún nada tinha contado a seu pai dos fatos ocorridos e logo após o casamento Lakanje está grávida, desta gravidez nasce um filho de nome Odéde.
Só que o destino foi fatídico, Odéde nasceu metade negro, como a pele de Ògún e metade branco, como a pele do albino Odùduwà, revelando assim, a traição de Ògún para com a confiança do seu pai, esta situação gerou muita discussão entre Odùduwà e Ògún, mas a principal foi "quem tinha razão", ou, quem teria mais "genes" no filho em comum, Odéde, e cada um se posicionava com a seguinte frase : "a minha palavra triunfou" ou "a minha palavra é a correta", que aglutinada é Òrànmíyàn e foi assim que ele passou a ser chamado e conhecido.

Com Lakanje, uma das muitas esposas de Odùduwà*, ou com outras, teve ou já tinha mais seis filhos, outros dizem dezesseis, uns, um número maior ainda, enfim, alguns dos filhos destas esposas, geraram as linhagens dos Obas Yorubanos, uns foram os precursores de sete das principais tribos, ou mais, que deram origem à civilização dos yorubas, e religiosamente falando, todos os povos do mundo. Os filhos, netos ou bisnetos de Odùduwà, os deuses, semideuses e/ou heróis, formaram a base da nação yoruba, portanto Olófin Odùduwà Àjàlàiyé é aclamado como "O Patriarca dos Yorubas". *Anexo

Obàtálá (Òrìsànlá) ,que também já estava no Àiyé com sua comitiva, mas devido a grande rivalidade com Odùduwà, foi expulso de Ilê-Ifé e funda a cidade de Ìgbò e se torna o primeiro Obà Ìgbò chamado também de Bàbá Ìgbò, pai dos ìgbòs. Numa sociedade polígama, Òrìsànlá é um caso raro de monogamia, pois a divindade Iyemowo foi sua única esposa e não tiveram filhos.

02 de fevereiro


Este dia é dedicado a Iyemoja,o grande gavião do rio.
Iyemoja senhora de seios fartos, que amamenta até aqueles que não seus filhos.

Dia Dois
De Fevereiro
Dia de festa no mar
Eu quero ser o primeiro
Pra saldar Yemanjá.

Escrevi um bilhete a ela
Pedindo pra ela me ajudá
Ela então me respondeu
Que eu tivesse paciência de esperar.

O presente que eu mandei pra ela,
De cravos e rosas, vingou.
– Chegou! chegou! chegou!
Afinal que o dia dela chegou.

Báálé Iyemoja àgbódò dáhùn ire Íyá mi. Aseperiola. Aberìn èye lénu. Iwo loko mi. Abìrín iyì lésè méjèji. Olówo orí mi. Omi owó kò `wón nílé wa, Omi là bureke. Iyemoja a tó fara ti bí òkè. O lómi nílé bí egbele. Òrisa tí nfi omi tútù ´má gba èjé. Iyemoja a tún orí eni kó sunwòn se. Túbò tún orí mi se kalé o.

(Báále Iemanjá, de dentro das águas, responde com o bem).
Minha Mãe, que pode ser chamada para trazer prosperidade. A que sorri elegantemente. Você é minha Senhora. Louváveis são os passos de seus pés. Dona da minha cabeça. A água que tráz prosperidade não falta em nossa casa. Água em abundância. Iemanjá, firme como a montanha, nela podemos nos apoiar. Possui casa formada por muitas águas. Orixá que cura doenças com água fria. Que cura sem pedir sangue aos familiares do doente. Iemanjá, que melhora a má cabeça, melhore mais e mais a minha cabeça, até o fim da minha vida.
Iemanjá lhe dê paz, saúde e asé!

Olúdàré

Mito da Criação

 

Mito da Criação

Olodumare o Todo em Tudo, a Natureza, o Algo do Nada, criou o Universo em 4 dias. Em cada dia criou 4 Odu, num total de 16 Odu principais, ou seja, 16 kàdárà (predestinações) possíveis, que desdobrando-se entre si, perfazem o total de 256 odu.
Cada Odù aponta uma direção, um ponto de partida e seu término, alterando e influenciando dia após dia a conduta de tudo que possui vida. Os 16 odu principais correspondem aos pontos de adoração do Universo, que são os pontos cardeais, colaterais e sub-colaterais. Itan Dídá Àiyé (história da criação do mundo) Ofun Meji criou o Universo.

Após os primeiros momentos da formação do cosmos Ofun Meji deu início à geração de seus filhos (os demais odu). O primogênito foi Oyeku Meji, pois no princípio só havia trevas. Em seguida criou Eji ogbe (segundo alguns relatos ambos nasceram no mesmo dia). Após conceber Oyeku Meji, Ofun Meji entrega-lhe seu cetro real para que com o mesmo abrisse o PORTAL DA LUZ. Tão logo o mesmo fosse aberto surgiria a luz e a mesma se dispersaria pelo Universo, iluminando-o em todas as direções. Ofun Meji recomendou a Oyeku Meji abstinência ao emu.
Certo dia Oyeku Meji ao retornar de suas ocupações dispersou-se de seu irmão e embriagou-se com emu, desobedecendo as determinações do pai. Eji ogbe sentiu falta do irmão e retornou pelo caminho percorrido, encontrando-o embriagado e adormecido. Por mais que tentasse não conseguiu acordá-lo.

Em face disso Ejiogbe recolheu o cetro real e retornou sozinho ao Orun, onde Ofun Meji os aguardava. Tão logo chegou o pai perguntou:

"Onde está teu irmão, o guardião do cetro que conduzes?" "Ele bebeu emu em excesso e adormeceu. Tentei acordá-lo em vão. Como era hora de retornar, resolvi eu mesmo trazer o cetro real."

"Tu não bebeste?"

"Não! Sabes que não desobedeço às tuas ordens, meu pai." "Sendo assim confiarei a ti a guarda do cetro real. Tu substituirás teu irmão a partir deste instante."

Ao se recuperar da embriaguez e sentir a falta do cetro real, Oyeku Meji retornou ao Orun totalmente desnorteado. Ao cruzar os umbrais do orun foi interpelado por seu pai:

"Por que me desobedeceste, meu filho?"

"Não resisti ao desejo veemente do emu, e o pior é que não sei onde deixei o vosso cetro, e nem onde está meu irmão."
"Felizmente ambos não estão perdidos. Teu irmão recolheu o cetro real e o trouxe de volta para mim. Devido ao teu procedimento, de hoje em diante estarás subordinado a teu irmão mais novo."

A partir daí é que Eji ogbe passou a ocupar o primeiro lugar por ordem de chegada ao Aiye.

Oyeku Meji resignou-se a seguir fielmente Ejiogbe, o qual, piedoso suplicou ao pai:

"Oyeku Meji é meu irmão mais velho, e face a sua fraqueza e desobediência tornou-se meu servo, o que me entristece. Seria possível dar a ele a guarda das noites e das trevas, uma vez que confiaste a mim os dias e a luz?"

Com pena, Ofun Meji confiou a Oyeku Meji a vigília da noite, das trevas, do sono e da insônia, enfim a guarda de tudo que ocorre à noite, seja na terra, no ar ou nas águas.

Mais uma vez Ofun Meji chamou Ejiogbe a sua presença e o encarregou de disseminar a luz aos mais longínquos recantos do Universo, criando assim as estrelas. Deu-lhe como auxiliar Èsù (por isso Exu percorre os quatro cantos do mundo com seu ogó).

As determinações foram cumpridas, ficando do alto do céu o sol a reinar sobre os dias e a lua sobre as noites, e as estrela a brilhar nas madrugadas.

Texto adaptado por Ifátolà

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Egbè Orun abíkù


Egbè Orun abíkù
Comunidade da crianças que nascem para ter vida prematura.

Oriki Egbè

Egbè,
a afável mãe, aquela que é apoio suficiente para aqueles que a cultuam.
Aquela que veste veludo, a elegante que come Cana-de-Açúcar na
estrada de Oyo.
Aquela que gasta muito dinheiro em óleo de palma.
Aquela que está sempre fresca e tem fartura de óleo
com o qual ela realiza maravilhas.
Aquela que tem dinheiro para o luxo, a linda.
Aquela que sucumbe à seu marido como à uma pesada clave de ferro.
Aquela que tem dinheiro para comprar quando as coisas estão caras.


Ìwa àbíkú o!
Ìwa àbíkú o!
Àbíkú ò ìwa!
Àbíkú olóyè!

(Esta cantiga fala do caráter e honra do àbíkú na cerimônia do axexê,
onde só quem é àbíkú pode dançar).
Os espíritos àbíkú moram no Òrún (além) e vem de passagem ao Àiyé (terra),
se escondendo nas matas sagradas (igbó em yorubá e zoun em dialeto L’èwé).
O àbíkú na tradução literária da palavra significa,
Àbí = nascer, kú = morrer, logo, nascido para morrer.

Mojúbà - que minha homenagens sejam aceitas


Mojúbà
Mo júbà akódá -Eu saúdo os primórdios da existência
Mo júbà asèdá - Saúdo o criador
Atiyo ojó - Saúdo o sol nascente
Atiwó òòrun - Saúdo o sol poente
Ìkóríta méta ajàlàyé - Saúdo as três encruzilhadas que unem o mundo visível
ao invisível
Enyin Baba-nla mi, ìbà - Meus antepassados, eu os saúdo
Ìbá ni mo wa fi ìgbà yi je - Meu tempo presente é para fazer saudações
Ki nto maa lo - Antes que eu inicie minha caminhada,
E ma je ìba naa ó wun mi - Não deixe, de ouvir minhas saudações e me abençoem
Bi ek`ló ba juba ilè - Quando a minhoca saúda a terra
Ile a lanu fun - A terra se abre para que ela entre
ìbá ni mo jeo - Eu os saúdo
E la na ko mi - Abram o caminho para mim.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A Iniciação do culto de Orísà

 
A iniciação é um rito de passagem, uma morte simbólica que transforma um homem comum em um instrumento do Orisa, em um "elegun", pessoa sujeita ao transe de possessão, a emprestar seu corpo para que Orisa viva entre nós mais uma vez, por um período de horas ou dias. O iniciando passa por ritos complexos, de isolamento e segregação, de silencio absoluto, de tonsura ritual, de sacrifícios de animais, de oferendas de alimentos, de pequenos cortes para inserção de pós mágicos em seu corpo ( cicatrizes sagradas que definem os futuros sacerdotes), simbolizando uma volta ao útero da Mãe Terra, de onde renascerá, não um homem comum, mas o instrumento de um Orisa, que por sua boca e seu corpo falará e se manifestará, aumentando assim seu conhecimento e o de todos os outros crentes.
Sua apresentação , já com sua nova personalidade e seu novo nome, ao público do Templo e da cidade, transforma-se então em uma festa de cores e de beleza inenarrável, aonde todos comparecem desejosos de compartilhar Axé (palavra que define nossa Religião : A/Awa: nós, xé: realizar, Axé - nós realizamos). Por várias vezes o neófito é apresentado ao povo, vestido e pintado com cores próprias do Orisa ao qual é consagrado, ao som dos tambores e de ritmos e cantigas tão antigos quanto a vida dos homens neste mundo.
E a cada troca de roupas, mais o Axé se espalha pelo Templo, culminando com a vinda dos Orisa, que vêm brincar e falar com seus filhos diletos, demonstrando sua satisfação por mais uma etapa cumprida.Cada item tem seu significado nesta hora. A pena vermelha, chamada "ekodide", que o elegun carrega em sua cabeça, simboliza realeza, honra, status adquirido pelo fato de ele ter se iniciado para ser um novo sacerdote dedicado ao culto daquele Orisa. As pinturas em cor branca, azul e vermelha, feitas a partir de substâncias vegetais e minerais, são os símbolos dos líquidos vitais de animais, plantas e do próprio ser humano, essenciais para a nova vida do iniciado.
A melhor roupa vestida por ele, por sua família, e por todos os presentes, demonstram o respeito e o apreço por Orisa. Como se fossem se apresentar frente a reis, nada menos que o melhor é permitido, uma vez que muitos reis são os representantes de nossos Orisa neste mundo, descendentes diretos que aqui ficaram para perpetuar sua força vital. Isto se estende aos alimentos e bebidas, cuja qualidade é severamente observada, aos animais oferecidos, às contas para a confecção de colares, e a todos objetos que compõem o Ebo. O bom não é suficiente, só o melhor é dado para o Orisa.
Por muitos dias o neófito irá carregar consigo um colar especial de sagração no pescoço, simbolizando seu amor, devoção e sujeição ao Orisa. Neste período também cumprirá resguardo sexual, porque esta energia não pode ser desperdiçada, toda sua força energética deve estar centrada em Orisa. Comerá comidas especiais, dormirá no chão, em uma esteira, aprenderá com os mais velhos as orações e cânticos de seu Orisa. É um tempo de amor, dedicação e aprendizado, um reaprender a viver, uma inserção do sagrado no cotidiano, uma experiência que não pode ser descrita, mas sim vivida
E a possessão faz parte de tudo isso, um ser dominado; um compartilhar corpo e espírito com Orisa; um ser o deus e voltar a ser o homem; sem a menor possibilidade de interferência, em que a perda de vontade própria e a submissão são aprendidos sem que se ensine ou aprenda, por instinto e memória ancestral. Algo de tribal, algo de divino, algo de humano, algo de fantástico. Ser para saber.
E, ao fim de tudo, o elegun reaprende os atos do dia a dia, retoma sua vida diária, mas para ele estará em primeiro lugar e sempre o Orisa. E, conhecendo através do oráculo sagrado, o Ifá, suas interdições, as proibições que Orisa e ancestrais lhe deram durante sua iniciação, ele conhecerá seu lugar na rígida hierarquia tribal, familiar e religiosa e viverá melhor sendo um "omo awo", filho do segredo, do que sendo tão somente um ser humano.