quarta-feira, 25 de agosto de 2010
“A comunicação”
A necessidade do intercâmbio entre povos que partilham um mesmo seguimento religioso é sempre muito importante, por vários fatores.
Nos dias de hoje o candomblé deixou de ser uma religião, onde, as transmissões dos seus preceitos, eram feitas de forma oral e entra na era da comunicação. Temos várias obras escritas que falam de nossa cultura, desde dicionários da língua Yorubá, até teses de mestrado e doutorado, vídeos, programas de televisão que discutem os mais variados temas, incluindo aqueles que para muitos de nós até então seria um tabu falar publicamente.
E com o advento da internet, passamos a encontrar um número grande de pessoas, integrantes das mais diversas comunidades no Brasil, que podem ter uma página, um site ou até mesmo um mega portal falando da sua visão e prática do candomblé.
Isso tudo graças à tecnologia e ao respaldo que as universidades vem dando aos pesquisadores no desenvolvimento de seus estudos.
Surgiram ainda as federações, prestando orientações até mesmo jurídicas a estas comunidades, os centros de estudos que estão resgatando as raízes afro-descendente, os espaços culturais mostrando a arte sacra, e os congressos organizados para que informações e temas possam ser discutidos em grupo, os movimentos da “Raça Negra”, mostrando os direitos do afro-descendentes perante uma sociedade.
Isso tudo é o progresso chegando em contra partida a uma cultura primitiva e tribal.
Julgo que a responsabilidade das pessoas que estão à frente de qualquer uma dessas propostas ou instituições citadas acima é sempre muito grande, pois se sentindo á vontade para expor seu ponto de vista, arcará com o peso de suas palavras perante a sociedade.
Voltando ao primitivo e tribal, percebo que as casas tradicionais e ortodoxas têm sempre mais ou menos a mesma linha de seguimento em seus cultos, o que diferencia é apenas uma reza ou uma forma de apresentar uma cantiga na sala, mas, a essência do ritual é sempre preservada.
Descartando todo e qualquer tipo de invencionices, que vez ou outra surge em algumas casas, sabendo se lá, descendente de onde.
Gosto muito de me manter informado, saber quem escreveu o que, e em que tempo, sendo assim saberei a forma de pensar de outros.
Não sou leigo no culto de Orisa, pois fui iniciado dentro de uma das mais tradicionais famílias do candomblé brasileiro, e sempre tive as respostas que busquei, meu Pai sempre me disse ‘ não responde quem não sabe’, a justificativa de que isso ou aquilo é um fundamento que você ainda não tem idade pra saber, é conversa pra boi dormir!
Quando vejo uma matéria em livro, um tema qualquer de discussão em fóruns da internet, ou em roda de bate papo informal, tento entender e expor minha opinião, como a de um iniciado na nação de Ketu. E sei que nas casas tradicionais, como na Casa Branca, Opo Afonja, Gantois e tantas outras, a tradição do culto, continua da mesma forma que foi instituída pelas nossas mães ancestrais, que trouxeram o culto da Nigéria. A diferença de uma casa pra outra quase não existe, pois Orisa é aqui, ali e acolá, os rituais são sempre parecidos.
Sabemos ainda que nos dias de hoje o sincretismo dentro do culto já está quase banido, é raro ouvirmos que alguém ainda acredita nessa agressão que durante anos foi imposta ao povo de cultura Yorubá.
Graças a Constituição Federal, temos a liberdade de expressão e culto, estamos livre do pecado, da quaresma, páscoa, natal e dos costumes Cristãos.
Temos nossos tabus, nossas festas, nossa visão de criação do mundo e ser humano, e quando nasce uma criança podemos celebrar o seu Ikomojade, com a maior alegria, pois estaremos louvando as bênçãos da criação de Olodumare.
Precisamos mostrar a sociedade o quanto nossa cultura e religião são ricas, em nossas atitudes e conduta, usando esses meios de comunicação da forma mais digna, sem rótulos, amarras ou mentiras. Acho que não devemos publicar em sites, livros ou revistas, assuntos que deveriam ficar restritas as comunidades, pois fundamentos da religião, e muitas outras coisas devem ser aprendidos dentro da casa de Asé e não na internet ou bancas de jornal. Infeliz daquela pessoa que conquista os maus olhos do Orisa!
Bábà Olúdàré
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