domingo, 26 de setembro de 2010

Ìyàwó - filho de santo



Quando a União Soviética e o Muro de Berlim desmoronaram, socialistas do mundo inteiro sofreram a síndrome da negação ideológica. Que consiste na recusa de enxergar a realidade em sua volta. Acreditavam tanto na idéia de um estado igualitário, na revolução, que demoraram a acreditar no que havia acontecido. Afinal era um pedaço de suas vidas, um estilo de sociedade, economia de governo, que quase em um piscar de olhos caía em ruína.

(texto publicado no jornal do Brasil - 10/04/2006).

O filho de santo, passa por várias etapas em sua vida iniciática:
Quando quer fazer santo, fica cego de amor pela religião, acredita que sua vida
sem a iniciação não será mais possível.

Já dentro do quarto de santo aplica se uma outra frase....
O filho de santo é como fotografia,só se revela no escuro!!!
É nas orações das madrugadas e debaixo de água fria, que vamos descobrir a dedicação, devoção e educação de cada filho de santo.

Todos nós sabemos que clausura sensibiliza as pessoas, é recolhido que vamos descobrir os verdadeiros motivos de sua opção iniciática.
Religião? saúde? dinheiro? amor? e ainda existem os desavisados que não fazem a menor idéia do que estão fazendo naquele local.

A festa do filho de santo:
Existem os não fazem a menor idéia que vai acontecer e deixa tudo nas mãos de seu iniciador.
Já por outro lado existem os que precisam de fotos, flores, filmes e muitos convidados e lembrancinhas. Pois acreditam que isso tudo é tão importante e que consiste na iniciação propriamente dita.


A palavra ìyàwó possui sua origem numa história conectada com Òrúnmìlà e sua viagem a cidade de Ìwó, e que ora relato: “Um certo dia, Òrúnmìlà desejou se personificar em um ser humano. Vestiu-se com folhas de bananeira como se fosse um maltrapilho e se dirigiu à cidade de Ìwó. Ali viu Oba em toda sua imponência, com seus assistentes e chefes, pois era época de festa anual. Sentou-se em frente a casa do Oba e se serviu das sobras de comida que jogavam fora. Ao ver isso, o Oba o entendeu como um estranho e ordenou que servissem um prato de comida para ele. Mais tarde, Òrúnmìlà disse ao Oba que queria dormir um pouco. A fim de se livrar do estranho maltrapilho, o Oba ordenou a seus servidores que preparassem um lugar para ele, com toda a roupa de cama salpicada com fiapos e sementes de uma certa planta que provocava comichão. Òrúnmìlà dormiu sobre isto e, quando acordou sentiu uma coceira pelo corpo, correu para o rio para se banhar. De manhã cedo, foi até Oba e disse a ele que tinha tido um bom sono. Em seguida, jogou Òpèlè, o rosário divinatório para Oba, e fez previsão para ele, dizendo que teria um reinado longo e próspero. Novamente, Òrúnmìlà continuou com seu comportamento estranho, comendo sobras de comida, mas predizendo para as pessoas. No seu terceiro dia em Ìwó, a filha do Oba começou a gostar de Òrúnmìlà, e decidiu se casar com ele. Todos ficaram horrorizados, uma princesa se casar com o estranho maltrapilho. Mas ela insistiu e o Oba teve de concordar, dividindo seus bens com Òrúnmìlà, em forma de dote. Òrúnmìlà, então, foi viver fora da cidade com a princesa. Ficou dono de muitos bens, passou a ter assistentes e muitos cavalos, devido aos presentes que recebeu de Oba.
Assim, quando as pessoas perguntavam quem era sua esposa, Òrúnmìlà respondia que era uma humilhação que sofreu em Ìwó. Ìyà significa humilhação, e Ìwó, o nome da cidade onde sofreu humilhação. As duas palavras formam Ìya Ìwó, e que veio a se tornar Ìyàwó. Desse momento em diante, os yorubá se referiam a noiva de Òrúnmìlà como Ìyàwó, que, assim passou a ser a palavra que define uma ESPOSA.”

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